Resenha - Insurgente

Nome: Insurgente
No Original: Insurgent
Autor (a): Veronica Rossi
Tradutor (a): Lucas Paterson
Páginas: 512
Editora: Rocco
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura

Sinopse: Uma escolha pode te destruir. Na Chicago futurista criada por Veronica Roth em Divergente, as facções estão desmoronando. E Beatrice Prior tem que arcar com as consequências de suas escolhas. Em Insurgente, a aguardada continuação da série de distopia que se tornou o novo fenômeno do disputado mercado Young Adult após Jogos Vorazes, a jovem Tris tenta salvar aqueles que ama – e a própria vida – enquanto lida com questões como mágoa e perdão, identidade e lealdade, política e amor. Dividida entre a verdade e magoar aqueles que mais ama. Com mais de 2,5 milhões de exemplares vendidos, Divergente é a próxima grande franquia nos cinemas, com estreia prevista para março de 2014.

Quando vi o lançamento do livro marcado para abril senti um misto entre ansiedade, curiosidade e indiferença. Queria muito ler o livro ao mesmo tempo preferia ler mais próximo ao terceiro. Por isso quando recebi o livro da editora Rocco fiquei sem saber como agir. Primeiro deixei de lado, mas hoje de madrugada simplesmente li tudo. Já era duas da madrugada e não achei que leria tudo, comecei tarde justamente pensando nisso, mas me dei mal. A história de Veronica Roth é impossível de ler em partes. Uma continuação a altura, se não melhor do que o primeiro livro, que deixa você grudado até o final.

Tris, Quatro e parte dos sobreviventes buscam refúgio na sede da Amizade. Eles precisam pensar no que fazer a seguir. Precisam de saber o que está acontecendo na cidade e com o que sobrou das facções. Tris está tensa e em estado de choque com suas ações, não consegue esquecer o que fez. Por outro lado o modo de agir dos membros da Amizade é irritante e eles não poderão ficar muito tempo. Quando membros da Erudição surgem atrás do grupo Tris, Quatro, Caleb e Susan conseguem fugir pelos trilhos. Conseguindo abrigo com os sem-facção Tris se vê surpresa diante da organização do grupo e dos planos deles agora que a Erudição atacou abertamente a Abnegação. Mas isso não é o que mais surpreende e preocupa Tris, é a líder dos sem-facção. Recebendo notícias da cidade Tris e Quatro decidem partir para a sede da Franqueza, onde os membros fiéis a Audácia conseguiram abrigo. Metade da facção se aliou a Erudição e o caos impera. Jeaninne, a líder sem coração da Erudição não vai descansar enquanto não estudar, dissecar e matar todos os Divergentes, Tris, que ainda procura força e equilíbrio nesse momento tão difícil se vê em meio a uma decisão: apoiar cegamente as decisões de Quatro e da Audácia ou ir em busca de verdade, mesmo vindo de quem vem. Por que Jeaninne atacou a Abnegação justo agora? Que segredo ela roubou e quer manter a qualquer custo?

A premissa é basicamente essa. Tentei ao máximo não falar dos segredos que vão sendo revelados, afinal a graça está em descobri-los lendo. A narrativa de Veronica Roth ganha força e excede as expectativas em diversos aspectos, sendo o principal deles o desenvolvimento maior da trama da trilogia. O clima muda e o ritmo imprimido é excelente. A cada novo capítulo um desdobramento nos acontecimentos e no meio dessa evolução a autora ainda conseguiu explorar com destreza e sutileza o impacto que os acontecimentos finais do livro anterior causaram em todos os personagens centrais. A ideia de acentuar o desenvolvimento da história foi acertada tendo em vista o final. As descrições ganham contornos interessantes e o mundo se torna mais vívido e complexo.

A relação de Tris e Quatro ganhou um pouco mais de espaço nesse livro, mas isso não significa uma coisa ruim. A dinâmica entre os dois mudou bastante, assim como amadureceu, mas a desconfiança que permeou os dois durante toda a história foi um pouco irritante. Em momentos de tristeza e desespero a maioria das pessoas procuram forças uma na outra, principalmente casais. Algumas atitudes tanto de Tris como de Quatro não foram condizentes com a confiança que ambos demonstraram um para o outro no livro anterior. Principalmente Quatro ao abrir seu passado a Tris de forma tão sincera, mas não confiar seu presente, suas decisões a ela.

Algumas pessoas questionam o sistema de facção, mas esquecem que o ser humano é um animal e assim como um cachorro pode ser condicionado. Não acho totalmente despropositado a divisão e nem a reação das pessoas diante dos conflitos. Uma das maiores dúvidas dos leitores era sobre o mundo além das cercas, além da cidade e a ideia da autora de revelar apenas nos derradeiros momentos finais a resposta para essa pergunta foi muito boa, mas ao mesmo tempo cruel e preocupante. O desenrolar ágil culminou em um final tenso e satisfatório. E as reviravoltas próximo ao final me deixaram pasmas. As perguntas que surgem a partir daquela revelação são tantas. Será que Veronica Roth conseguirá encerrar a trilogia sem deixar pontas abertas? Como a população vai reagir diante das mudanças que virão?

Leitura extremamente ágil e instigante, que investe na construção de seus personagens e no desenrolar da trama, sem perder tempo Veronica Roth abre caminho para o final da trilogia aumentando a complexidade e riqueza do mundo apresentado. Não só ação, mas romance, traição e mistérios mostrando o ser humano em seus extremos. A edição da Rocco está ótima, fonte agradável e tradução fiel, que não perde a essência do estilo da autora. Com a adaptação do primeiro livro prevista para o ano que vem podemos ficar otimistas quanto a adaptação da trilogia inteira. Recomendado a todos que gostam de uma boa distopia, cercada de mistérios, que investe em ação e nos apresenta um universo intrigante e assustador. Leiam! Até mais!

Trilogia Divergente - Veronica Roth
1- Divergente
2- Insurgente
3- Convergente
Extra - Quatro