05/01/2017

Resenha - Fellside: Estranhos Visitantes


Nome: Fellside - Estranhos Visitantes
No Original: Fellside
Autor (a): M.R. Carey
Tradutor (a): Caco Ishak
Páginas: 464
Editora: Fábrica 231
Comprar: Submarino - Amazon - Saraiva - Cultura
Sinopse: Uma história de terror moderna, perturbadora e emocionante, assinada pelo mestre dos quadrinhos M. R. Carey, pseudônimo de Mike Carey, roteirista de sucessos como X-Men e Hellblazer e autor do cultuado A menina que tinha dons, adaptado para a telona pela Warner Bros (ainda sem previsão de estreia no Brasil). Em seu segundo romance, Carey conta a história de uma mulher que vive em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada nos confins da Inglaterra. Acusada de ter incendiado o seu apartamento e matado por acidente uma criança, Jess Moulson vive afundada em culpa e medo, e sabe que não pode confiar em ninguém ali. Até que começa a ouvir a voz de uma criança. Uma criança morta, que tem uma mensagem para Jess.

Conheci o autor M.R. Carey lendo "A Menina Que Tinha Dons" e tendo me apaixonado pela história não pestanejei ao solicitar Fellside: Estranhos Visitantes. De volta com uma história incomum em um ambiente sufocante o autor mais uma vez surpreende pelo rumo incomum da história, porém ao contrário de seu livro anterior Fellside é uma história menor, voltado para o pessoal de cada personagem, mas ainda assim uma história sombria. Conheçam.

Jess acorda sem saber onde está, um quarto branco, lençóis brancos, mulheres de roupas brancas e nenhuma memória. O rosto está estranho e entre delírios ela acorda para sua nova realidade. Com metade do rosto destruído Jess é acusada de assassinar Alex Beech, seu vizinho, em um incêndio, enquanto tinha uma overdose de heroína ao lado do namorado. Jess sobrecarregada pela culpa e graças ao depoimento de seu namorado é sentenciada e enviada a Fellside, mas para ela não é suficiente, ela quer morrer e assim se livrar da culpa e das memórias. A única maneira de fazer isso é deixando de comer, pois assim nem o Estado e nem a direção da cadeia tem outra opção senão acompanhar e deixá-la morrer. O que Jess não contava é que a beira da morte ela seria visitada por Alex e suas afirmações. Ela tem certeza que é delírio, mas quando o garoto retorna insistindo que Jess não o matou e que ela precisa ajudá-lo a encontrar a verdadeira culpada o mundo de Jess mais uma vez cai. Como é possível Alex estar ali? O que acontece depois da morte? Existe um lugar para onde vamos ou é apenas sua mente culpada? Decidida a descobrir resposta para essas e outras perguntas Jess muda seu plano, mas a vida em Fellside não é fácil. As detentas não morrem de amor por uma mulher sentenciada por assassinato de criança e tem muito mais escondido entre as celas e paredes de Fellside. Jess para conseguir suas respostas vai abaixar a cabeça e sobreviver. Se não foi ela que começou o incêndio e matou Alex quem foi?

Esse é o ponto de partida de Fellside e o que parecia um caso de assassinato mais aparição sobrenatural se revela uma comovente história de culpa e redenção, com pitadas que vão além do mundo visível. Carey mais uma vez surpreende o leitor com uma narrativa fluída e instigante, que guia o leitor capítulo a capítulo em um bom ritmo e encerra com uma virada inesperada, no melhor estilo "%#@*&%#!". Narrado em primeira pessoa e com uma ambientação que remete a uma versão mais pesada de Orange Is The New Black, Fellside é um livro que foge do comum, mas demora a engrenar. O ritmo torna a leitura rápida, mas aquela pausa cheia de perguntas, que é quando o livro fica realmente interessante só vem na metade da segunda parte e daí para frente até o final a narrativa só cresce e conquista.

Se você como eu ainda espera finais ao menos 10% felizes em livros com premissas como essa, esqueça. Já devia ter aprendido com o livro anterior de Carey. Finais felizes estão em falta e da terceira parte em diante o leitor fica com aquela sensação de que "está tudo muito bom para ser verdade" e na realidade as coisas são um pouco piores do que o imaginado. M.R. Carey é o tipo de autor que gosta de ser imprevisível. A história de Jess Moulson e das detentas da ala Goodall deixa o leitor furioso com alguns personagens secundários e com a trama secundária, e de coração partido pela verdadeira história de Jess e Alex.

Leitura difícil de esquecer tanto pelo desejo de que a realidade não fosse tão nua e crua quanto pela forte mensagem sobre culpa. O peso que essa palavra e esse sentimento carrega, o modo que ela marca uma pessoa para sempre e suas escolhas é uma das partes mais fortes da história de Jess. Curiosa para ver como o filme vai balancear os elementos sobrenaturais com o lado humano e sombrio da história. M.R. Carey me surpreendeu pela virada na história e vou continuar acompanhando seus livros. A edição da Fábrica 231 está perfeita, a capa ficou bem adaptada e a diagramação é a ideal. Recomendo não só Fellside como seu autor a quem gosta de um suspense diferente, com personagens no fundo do poço e escolhas marcadas por culpa, uma história que vai além do simplesmente assassinato-culpado e surpreende onde menos se espera. Leiam! Até mais!

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