22/11/2014

Resenha - Eternidade Por Um Fio


Nome: Eternidade Por Um Fio
No Original: The Edge Of Eternity
Autor (a): Ken Follett
Tradutor (a): Fernanda Abreu
Páginas: 1072
Editora: Arqueiro
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Durante toda a trilogia “O Século”, Ken Follett narrou a saga de cinco famílias – americana, alemã, russa, inglesa e galesa. Agora seus personagens vivem uma das épocas mais tumultuadas da história, a enorme turbulência social, política e econômica entre as décadas de 1960 e 1980, com a luta pelos direitos civis, assassinatos, movimentos políticos de massa, a guerra do Vietnã, o Muro de Berlim, a Crise dos Mísseis de Cuba, impeachment presidencial, revolução... e rock and roll! Na Alemanha Oriental, a professora Rebecca Hoffman descobre que durante anos foi espionada pela polícia secreta e comete um ato impulsivo que afetará sua família para o resto de suas vidas. George Jakes, filho de um casal mestiço, abre de mão de uma brilhante carreira de advogado para trabalhar no Departamento de Justiça de Robert F. Kennedy e acaba se vendo não só no meio do turbilhão da luta pelos direitos civis, como também numa batalha pessoal. Cameron Dewar, neto de um senador, aproveita a chance de fazer espionagem oficial e extraoficial para uma causa em que acredita, mas logo descobre que o mundo é um lugar muito mais perigoso do que havia imaginado. Dimka Dvorkin, jovem assessor de Nikita Khruschev, torna-se um agente primordial no Kremlim, tanto para o bem quanto para o mal, à medida que os Estados Unidos e a União Soviética fazem sua corrida armamentista que deixará o mundo à beira de uma guerra nuclear. Enquanto isso, as ações de sua irmã gêmea, Tanya, a farão partir de Moscou para Cuba, Praga Varsóvia – e para a história. Como sempre acontece nos livros de Ken Follett, o contexto histórico é brilhantemente pesquisado, a ação é rápida, os personagens são ricos em nuances e emoção. Com a mão de um mestre, ele nos leva a um mundo que pensávamos conhecer, mas que nunca mais vai nos parecer o mesmo.

Quando comecei a trilogia O Século estava ao mesmo tempo encantada e na dúvida. A ideia de abordar todo o século XX com precisão era audaciosa demais e não conseguia ver como o autor iria colocar todas as partes importantes no papel. Por várias vezes imaginei o que viria quando chegasse o pós-guerra e o período de grandes acontecimentos até a queda do muro de Berlim. Depois de ficar admirada com o livro um, sem palavras no livro dois chegou a hora de conferir o aguardado final. Follett mais uma vez surpreende o leitor, e agradará a maioria dos que conseguem ver mais do que uma página conta. O livro é ótimo, mas a leitura como conclusão de trilogia tem algumas pequenas falhas, não irremediáveis, mas necessárias. Entendam.

Seria impossível comentar todas as ramificações da trama por isso vou analisar apenas a leitura do livro. Não preciso falar sobre o quanto Follett foi atencioso com o período que o livro cobre. O autor cobre acontecimentos que vão de 1961 com a decisão de construir o muro de Berlim até 1989 e a sua queda. Dos protestos nos Estados Unidos por igualdade racial e a escalada da violência dos estados do sul do país as dificuldades vívidas pela população da Berlim oriental e o perigo que tanto aqueles que fugiam quanto os que ficavam corriam vivendo sob o medo dos soviéticos. A primeira parte do livro que cobre de 1961 a 1962 é a melhor parte da trama como um todo, e é onde voltamos a ter contato com os descendentes das gerações anteriores e onde o autor acerta mais na troca de foco entre as tramas. A primeira parte é fluida e narrada de modo a não ditar preferências entre os lados da Guerra Fria e culpados, mantendo o leitor no suspense e preocupados com os personagens, Follett através de uma ambientação minuciosa nos leva pelos meandros políticos do período em uma trama pincelada de personagens históricos e equilibrada pelos personagens comuns.

Foi emocionante ver através dos filhos e netos das gerações anteriores diversos acontecimentos marcantes. Não sei como Follett conseguiu, mas está feito, ele levou o leitor por impressões vívidas que vão desde a chocante notícia da divisão física de Berlim pelo muro até o emocionante discurso de Luther King em Washington. O autor conseguiu fazer o leitor se sentir mais perto de tais eventos. Em diversos trechos o autor nos lembra que a Guerra Fria foi feita de muito mais do que embates de titãs em lados opostos. Foi feita do sofrimento de milhares de pessoas, de decisões difíceis e de pessoas que não marcaram a História, mas que estavam lá nos bastidores, de uma pequena ação que desencadeou algo maior. Procurando resgatar todas as linhagens passadas de forma justa e coerente o autor consegue passagens brilhantes e marcantes, alternadas a partes comuns, que apenas retratava os dias comuns, aqueles dias sem nada marcante para o mundo. Vi muitos leitores reclamando de tais partes, do simples desenvolver da vida dos personagens, mas acredito que Follett foi coerente. Afinal como contar a história de um século sem as entrelinhas do cotidiano? Sem as paixões e as amizades que levavam a atos maiores?

O que mais me incomodou foi o fato do autor esquecer a neutralidade em determinadas passagens e deixar claro para o leitor sua posição política. Nesse quesito os livros anteriores conseguiram uma neutralidade bem-vinda, coisa que Eternidade Por Um Fio deixa de lado quando o assunto é determinado presidente ou determinada personalidade histórica. Fora isso foi interessante ver abordagens pouco vistas como a da Guerra do Vietnã, e a estrutura da União Soviética, os bastidores de um país que faltava pouco para controlar o ar que as pessoas respiravam ou ainda a questão racial dos Estados Unidos. O livro é grande e para comentar todas as partes levaria tempo, mas acredito que comentei os pontos mais marcantes. Não preciso dizer que tem mais, muito mais.

Uma leitura grandiosa, que começa a fluir de forma muito mais rápida do que o leitor pode imaginar ao se deparar com um livro que pesa mais de um quilo. Uma bela conclusão para uma trama audaciosa e que vai deixar saudades no leitor. Terminei o livro com vontade de refazer o passo a passo de cada família desde o primeiro livro e com ainda mais vontade de ler um livro que cubra de 1989 até os dias atuais. O epílogo matou uma pequena parte dessa curiosidade, mas seria muito melhor ver o todo, a quarta geração dessas cinco famílias, a Rússia pós-URSS, os Estados Unidos e os ataques terroristas, e todo o resto. Quem sabe Follett um dia não anima a continuar a história de onde parou. A edição da Arqueiro está perfeita, desde a tradução cuidadosa até a diagramação. Um trabalho benfeito e que merece elogios. Recomendado a todos que querem uma história grandiosa e interessantíssima, que vai marcar e ficar com o leitor por muito tempo. Uma revista esplêndida de um século impossível, um século que mudou tudo e nos trouxe ao que somos hoje. Inesquecível. Leiam e se surpreendam! Até mais!

O Século - Ken Follett
1- Queda de Gigantes
2- Inverno do Mundo
3- Eternidade Por Um Fio

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