26/05/2015

Resenha - Sherlock Holmes no Japão


Nome: Sherlock Holmes no Japão
No Original: Sherlock Holmes in Japan
Autor (a): Vasudev Murthy
Tradutor (a): Ana Carolina Oliveira
Páginas: 224
Editora: Vestígio
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Os jornais de 1893 trazem, entre outras, as seguintes manchetes: “Rei Kamehameha III, do Havaí, declara o Dia da Restauração da Soberania”, “Tensão entre China e Japão cresce por causa da Coreia”, “Sacerdote sênior do Templo Kinkaku-ji é encontrado morto em circunstâncias misteriosas”. O Dr. John H. Watson recebe uma estranha carta de seu amigo, supostamente morto, e parte para Tóquio. No navio, seu calmo e distinto colega de cabine é assassinado a apenas uma porta de distância. Ao mesmo tempo, nas casas de ópio de Xangai e nos becos de Tóquio, homens sinistros fazem planos malignos. E o Professor Moriarty monitora o mundo por meio de suas redes criminosas, elaborando um mapa para a dominação mundial. Apenas um homem pode confrontar o diabólico professor. Apenas um homem pode salvar o mundo. E esse homem sobreviveu às Cataratas de Reichenbach!

Assim que eu vi a capa do livro entre os lançamentos da Vestígio soube que precisava lê-lo. Não apenas porque sou aficionada por Sherlock e Watson, como também pela bela capa que a Vestígio preparou para ele e sua contraparte Jack, O Estripador em Nova York. Digo contraparte pelo lançamento casado não por alguma ligação entre eles, não me entendam errado. Foi com felicidade que recebi a prova do livro e hoje trago para vocês na semana Vestígio a resenha do livro de Vasudev Murthy. Com muita perspicácia e precisão no estilo o autor nos entrega um Sherlock Holmes e um John Watson que melhor descrevo com crível e perfeitos juntos. Para você que sempre gosta de imaginar o que Sherlock fez depois do Reichenbach conheçam.

Quando Watson apanhou a carta sentiu um leve tremor ao reconhecer a letra e ao abri-la ficou sem reação. Passagens de navio para o Japão enviadas com um bilhete de seu mais querido amigo morto há dois anos. Não sabia se sentia alívio, raiva ou felicidade. Embarcando no North Star com o violino de Sherlock ele é acomodado em uma cabine com um elegante senhor japonês. Os demais passageiros formam um grupo heterogêneo e discreto, que deixa Watson intrigado para descobrir qual daquelas pessoas é seu estimado amigo. Sherlock é mestre do disfarce e a urgência em sua curta mensagem aponta para mais um perigoso caso. No navio ao lado de Kazushi Hashimoto, ele conhece Shamsher Singh, assistente do marajá do Principado de Patiala, Clara Bryant, que se apresentou como tutora dos filhos do cônsul-geral japonês, Simon Fletcher, banqueiro viajando para Singapura, Edith Andrews, aristocrata indo encontrar o marido em Áden e o Coronel James Burrowe, da artilharia Royal Horse disse estar indo para Penang. O navio que pararia em Marselha, Alexandria, Áden, Mumbai, Singapura e Xangai antes de aportar em Yokohama parecia ter um clima agradável, mas quando um papel com diagramas em japonês surge debaixo da porta da cabine o Sr. Hashimoto parece perturbado e alerta Watson para não se deixar levar por amizades dispensáveis que parecem confiáveis. Ninguém é o que parece ser e quando um assassinato acontece no North Star Watson tem certeza de que precisa identificar Sherlock para juntos fugirem da ameaça iminente e principalmente entender o que está acontecendo. Mal imagina que essa trama começou muito antes, após a "morte" de Sherlock e vai dos mercados japoneses as ruas estreitas de Xangai estendendo braços que ameaçam chegar a Europa. Chegar a Yokohama nunca foi tão importante.

É a partir dessa premissa que a história se desenrola levando o leitor por duas frentes narrativas, a viagem de navio e as investigações de Sherlock após cair nas cataratas do Reichenbach. Narrado em primeiro pessoa por Watson o livro possui um ritmo agradável e uma trama intrigante que conquista a tenção e o coração do leitor desde o começo. O modo como o autor encaixou as duas tramas e colocou tudo sendo contado pela voz paciente e meticulosa de John Watson foi perfeito e por causa disso ficou impossível largar a leitura, imaginando cada desdobramento seguimos capítulo a capítulo com a tensão no ar e imaginando o próximo passo de Holmes e Moriarty. Gosto muito de Sherlock Holmes, sempre gostei e assim como muitos fãs eu acabei cativada pela recente adaptação da BBC e mesmo com a diferença de século foi impossível não dar a mesma cara a Holmes e Watson.

Murthy conseguiu captar com fidelidade o período, com descrições acuradas e principalmente impressões corretas de personagens, preconceitos, trejeitos e outros pequenos detalhes do ambiente vitoriano que permeava as viagens marítimas. A trama central foi bem elaborada, apresentando tanto para o personagem quanto para o leitor um entrelaçado digno de Sherlock Holmes. Esse é o maior problema dos livros que trazem o personagem, muitos leitores pensam que embolar a trama é o mesmo que deixá-la intricada e surpreendente, mas não é. Vasudev Murthy não tenta ser brilhante ou fora do normal, ele nos leva por sua história sem pretensões e é por causa desse tom respeitoso que tudo funciona e ao final apreciamos o caso como mais um de Sherlock e Watson.

Leitura rápida, fluída e que envolve o leitor, cativando a atenção e nos deixando curiosos pelo desenrolar. Sem voltas mirabolantes as duas frentes narrativas culminam de modo perspicaz e deixam o leitor com vontade de logo pular para os próximos livros de Sherlock. A edição da Vestígio está ótima, uma capa bem elaborada, tradução cuidadosa e ótima diagramação. Recomendado não só aos fãs de Sherlock Holmes como também aos que procuram um bom mistério, com ação, suspense e reviravoltas. Leiam e se surpreendam! Até mais!

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