27/02/2017

Resenha - 30 e Poucos Anos e Uma Máquina do Tempo


Nome: 30 e Poucos Anos e Uma Máquina do Tempo
No Original: Every Anxious Wave
Autor (a): Mo Daviau
Tradutor (a): Edmundo Barreiros
Páginas: 304
Editora: Fábrica 231
Comprar: Amazon - Submarino - Saraiva - Cultura
Sinopse: Imagine poder viajar no tempo para assistir a qualquer grande show da história: os Beatles no Shea Stadium ou no telhado da Apple Records, o Nirvana em um bar minúsculo de Seattle ou Miles Davis no lendário clube Birdland. A norte-americana Mo Daviau transformou esse desejo em realidade no engenhoso 30 e poucos anos e uma máquina do tempo, uma espécie de cruzamento entre De volta para o futuro e Alta fidelidade protagonizado por Karl e Wayne, dois amigos de meia-idade que descobrem um meio de voltar no tempo para assistir a shows incríveis, e a ganhar dinheiro com o negócio. Tudo vai bem até que Wayne decide o óbvio: interferir no passado. Afinal, quem dispensaria a chance de reescrever uma ou outra linha da própria história? Movido a música e romance, 30 e poucos anos e uma máquina do tempo é uma espirituosa, e um tanto nostálgica, reflexão sobre sonhos, escolhas de vida e a passagem do tempo.

Viagem no tempo e música. Como não ficar curiosa com um livro que traz estes dois tópicos? Contudo o livro de Mo Daviau vai muito além da aparente ficção científica. Não se deixe enganar colocando o livro sob um rótulo. "30 e Poucos Anos e Uma Máquina do Tempo" é tudo, menos apenas mais um livro de ficção científica. Daviau surpreende o leitor com uma história de escolhas e encontros, que mostra que as vezes mesmo que tudo dê errado, não interessa o caminho, o único resultado possível é o encontro de duas pessoas. Conheçam a história de Karl e Lena, uma história que começa com um número errado e um buraco de minhoca em um armário.

Tudo começou quando Karl caiu em um buraco enquanto procurava um coturno e foi parar no meio de um show de rock nos anos 90. Dono do bar "Dictator's Club" e membro de uma banda de rock desfeita a vida de Karl mudou depois que Wayne entrou no bar e o reconheceu. Ele aparecia todas as noites, ajudava limpar antes de fechar e eles conversavam sobre rock e a nostalgia de antigos shows perdidos e/ou que não voltam mais. Quando descobriu o buraco de minhoca em seu closet Karl nã tinha ideia do que ele o traria. Wayne mergulhou em computadores e criou um programa para ajudá-los a programar as viagens através do buraco. Ambos usavam apenas para assistir shows de suas bandas favoritas e assim começou a levar pessoas a diversos shows por uma quantia em dinheiro. O problema começou quando Wayne decidiu que ia usar o buraco para mais do que assistir shows. Ele queria mudar algo, queria salvar John Lennon. Ele era um pacifista e um músico único e Wayne acreditava que ele sobrevivendo todo o resto mudaria para melhor. Apesar de muito puto com o amigo Karl concorda, mas em uma brincadeira do universo ele digita 980 ao invés de 1980 e Wayne se vê no meio de uma floresta, no inverno, sem nada a sua volta. Quase um milênio antes da inveção da energia elétrica ele não tem como carregar sua volta e manda Karl atrás de um astrofísico. O problema é como Karl vai convencer um astrofísico que viajar no tempo é realmente possível e principalmente que tem um buraco de minhoca bem em seu armário? É aí que entra Lena. A única astrofísica com camisa de banda no site da universidade.

É a partir desse encontro que tudo se encaixa e o que era apenas diversão vira algo muito maior. Através da narrativa em primeira pessoa Mo Daviau constrói uma história audaciosa, que foge do comum e de maneira simples mostra que cada encontro que temos em nossas vidas é capaz de mudar tudo. Uma simples frase, uma simples gentileza pode marcar a vida de uma pessoa. Karl, o protagonista é um sujeito de ironia nata, visão um tanto amarga da realidade, inteligente e preso as escolhas que fez. Sua voz narrativa consegue cativar o leitor e a cada capítulo ficamos mais curiosos para saber onde tudo vai terminar.

A autora leva o leitor por certezas estranhas e a cada página mostra que sua história é mais uma alegoria sobre destinos, nostalgia e escolhas. Até onde sacrificaríamos a nossa vida para a vida de quem amamos seja boa e sem grandes sofrimentos? Se viagem no tempo fosse possível será que conseguiríamos ficar inertes diante das possibilidades? Mudar o passado sacrificando a própria felicidade ou mudar o passado para encontrar a felicidade? Karl é um protagonista único, um tanto confuso, com uma escolha difícil e que o torna passível de identificação para qualquer leitor. Ao final Karl com sua nostalgia e suas escolhas mostra ao leitor que na maioria das vezes o caminho pode ser diferente, mas o resultado é o mesmo, não adianta fugir dele, nem se desesperar pensando que não vai encontrá-lo.

A edição da Fábrica 231 está bem legal, a capa ficou retrô elegante e a textura do livro é lisa, diferente dos últimos livros que tenho visto, dando um visual bem único ao livro. Recomendo aos que querem um romance diferente, atual, que fala de escolhas, sonhos e as possibilidades de um destino que não controlamos. Com personagens interessantes e um ritmo cativante a história contada por Mo Daviau vai conquistar o leitor que quer algo diferente e criativo, caótico e simples. Leiam e se surpreendam! Até mais!

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