05/08/2015

Resenha - Ela Não É Invisível


Nome: Ela Não É Invisível
No Original: She Is Not Invisible
Autor (a): Marcus Sedgwick
Tradutor (a): Rachel Agavino
Páginas: 256
Editora: Galera
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Laureth é uma adolescente cega de 16 anos, e seu pai é um autor conhecido por escrever livros divertidos. De uns tempos pra cá, ele vem trabalhando em uma obra sobre coincidências, mas jamais consegue terminá-la. Sua esposa acha que ele está obcecado e prestes a ter um ataque de nervos. Laureth sabe que o casamento dos pais vai de mal a pior quando, de repente, seu pai desaparece em uma viagem para a Áustria e seu caderno de anotações é encontrado misteriosamente em Nova York. Convencida de que algo muito errado está acontecendo, ela toma uma decisão impulsiva e perigosa: rouba o cartão de crédito da mãe, sequestra o irmão mais novo e entra em um avião rumo à Nova York para procurar o pai. Mas a cidade grande guarda muitos perigos para uma jovem cega e seu irmãozinho de 7 anos.

Conheci Marcus Sedgwick dois anos atrás quando me deparei com uma trilogia sua lançada por aqui e tive chance de conhecer sua escrita na série de contos de Doctor Who, por isso quando a Galera lançou Ela Não É Invisível fiquei bastante curiosa. A escrita do autor é marcante, sua narrativa sempre envolve elementos criativos e novos. Em sua estreia no gênero jovem adulto o autor não passa muito longe de sua identidade trazendo elementos únicos em uma trama inusitada que conta uma história diferente ao mesmo tempo em que fala de preconceito e aceitação. Uma trama onde é preciso sensibilidade para encontrar as entrelinhas. Conheçam.

Laureth sabia que tinha algo errado com o pai no momento em que se deparou com o estranho e-mail. Ela já estava acostumada a conferir os infinitos e-mails que seu pai, o escritor Jack Peak recebia dos mais variados tipos de fã, porém ao receber de um tal Michael Walker um e-mail avisando que tinha encontrado o caderno de anotações de seu pai em Nova York ela sabia que tinha algo muito errado. Seu pai deveria estar na Áustria ou Suíça e não do outro lado do Atlântico, e além disso ele jamais largaria seu caderno. Com a mãe viajando para a casa de sua tia sem acreditar em sua preocupação Laureth toma a arriscada decisão de viajar para Nova York, o que não seria nada demais se ela não fosse cega e precisasse levar seu irmão de apenas sete anos. Com ajuda de Benjamin eles conseguem embarcar e chegar a movimentada Nova York e depois de resgatar o caderno de seu pai com o estranho Michael, que ao contrário do que o e-mail sugere é apenas um garoto, Laureth começa a seguir as poucas pistas que tem. Um nome de hotel, um quarto e alguns relatos sobre Edgar Allan Poe. Porém à medida que o dia passa ela começa a duvidar se fez a escolha certa, cansada e sem saber onde mais procurar Laureth encontrará respostas onde menos espera e verá que as coincidências que seu pai tanto pesquisa podem sim existir.

É essa a premissa que move o livro de Marcus Sedgwick e com sua narrativa única o autor nos conta três histórias em uma. Através do ponto de vista único de Laureth conhecemos sua história, sua vida de cega e o modo completamente diferente do glamourizado por séries e filmes que ela vê, ou melhor sente o mundo. Além de sua fascinante história temos o desaparecimento de seu pai, um escritor que fez muito sucesso com livros divertidos e que agora pesquisa com uma quase obsessão coincidências, e fechando temos diversas passagens do caderno do pai dela, todas muito interessantes e que enriqueceram ainda mais o livro. Com descrições diferentes e um desenrolar de ritmo tenso o livro envolve o leitor com sua situação inusitada e seus personagens diferentes.

Laureth é uma ótima protagonista, consegue passar toda a insegurança de ser cega, estar apenas com seu irmão mais novo em uma cidade gigante como Nova York sem conhecê-la. Benjamin é o alívio da história, um garoto diferente, inteligente que ao lado de seu corvo rouba diversas cenas. O único ponto que me deixou frustrada foi Michael, o garoto tem uma história interessante e o autor não explorou isso. Poderia ter deixado ele seguir ao lado de Laureth e Benjamin na procura deles, mas não. Uma pena aposto que teria melhorado ainda mais o livro. O fim chegou abruptamente, mas ainda bem que fez completo sentido amarrando muito bem a história. É como eu disse, só faltou Sedgwick desenvolver a história de Michael para o livro ser perfeito.

Leitura rápida, bela e envolvente. Adorei o modo como o autor contou mais de uma história, sua narração anda na linha entre o objetivo e o subjetivo, com uma protagonista que deixará o leitor tenso com medo por ela, mas que ao fim nos ensina mais do que imaginamos, afinal porque tememos por ela? Só porque ela é cega não significa que não é capaz. A edição da Galera está ótima, fonte, tradução e principalmente a adaptação da capa. Recomendo a todos, mesmo se não está acostumado a ler jovem adulto. Uma história sobre aceitação, preconceito, capacidade e coincidências. Leiam! Até mais!

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