Desafio de Clássicos - #01

A primeira postagem do Desafio de Clássicos está no ar. Como foi dito no post original do desafio toda semana durante o período do desafio irei postar uma coluna semanal com clássicos diversos falando da obra, do autor, das edições nacionais, e tudo o mais. O livro desta edição é "Grandes Esperanças", uma das obras mais famosas do inglês Charles Dickens, um dos mais famosos romancistas da era vitoriana.

Nome: Grandes Esperanças
No Original: Great Expectations
Autor (a): Charles Dickens
Ano: 1861

Se Charles John Huffman Dickens (1812-1870) foi um escritor irônico e contundente, com Grandes esperanças provou-se capaz também de ser contido e reflexivo, ao produzir o seu último romance. O livro mostra Dickens no auge da forma, produzindo uma história de desilusão que mais tarde seria saudada por autores como George Bernard Shaw e G. K. Chesterton pela perfeição narrativa.

A grande característica de Grandes esperanças é ser uma história de redenção moral do protagonista, Pip, um órfão criado rigidamente pela irmã num lar humilde e disfuncional, que, após herdar inesperadamente uma fortuna, rejeita a família e os amigos por se envergonhar da própria origem.

No começo conhecemos o infortúnio de Pip, o narrador que vive aterrorizado pela irmã mais velha que, após a morte dos pais, o criou “com a mão de ferro”, bordão para a maneira rígida e por vezes violenta com que trata o filho de criação e também o marido, o ferreiro Joe Gargery. Sua vida começa a mudar com o inesperado convite para que passe a visitar Miss Havisham, uma mulher rica da aldeia, e seja companhia de sua filha adotiva, Estella. Pip imediatamente tem uma queda pela garota, sentimento que se transformará em amor durante a vida adulta e o conduzirá à imoralidade.

A vida de Pip sofre uma reviravolta ainda maior quando, já se preparando para o ofício de ferreiro, recebe a visita de um advogado, que anuncia que o jovem é herdeiro de uma fortuna. Após abandonar a família para viver em Londres, Pip passa a desprezar a sua vida anterior, tentando tornar-se digno de se casar com Estella, que, no entanto, não se interessa por seus sentimentos.

Dividido em três partes, discutindo a bondade, a culpa e o desejo, o romance originalmente foi escrito como um folhetim e publicado na revista semanal All the Year Round, entre dezembro de 1860 e agosto de 1861, tornando-se um grande sucesso. Dickens toma o cuidado de não buscar a empatia fácil com o leitor, fazendo de Pip um personagem sincero em sua imoralidade e, quando se arrepende, na busca pela redenção.

O texto acima que mescla a sinopse é da edição da Penguin Companhia lançado o ano passado e expressa bem as características da obra que é hoje considerada uma das maiores da era vitoriana. Tendo sido adaptada diversas vezes no teatro, na televisão e no cinema "Grandes Esperanças" é hoje parte em diversos países de língua inglesa um dos clássicos estudados nas escolas. Por trazer Dickens no auge da forma como autor e ainda de forma consistente a já conhecida crítica social feita em suas obras além de temas como a riqueza, a pobreza, o amor, a rejeição e o eventual triunfo do bem sobre o mal.

A adaptação mais aclamada da obra é o filme de 1946 do diretor David Lean, que chegou a ganhar dois Oscars entre as cinco indicações que teve e trouxe no papel do protagonista Pip o ator John Mills ao lado de Valerie Hobson como a fria e bela Estella. Agora para você que quer conhecer a obra sem precisar ler sugiro que assista a mais recente adaptação feita pela BBC em 2011. Uma minissérie em três capítulos que recebeu críticas positivas no Reino Unido e no mundo.

No Brasil atualmente existem três edições disponíveis a venda e uma que ainda se encontra em algumas livrarias físicas. O que é bastante considerando a falta de novas edições que alguns clássicos sofrem. É uma das poucas obras de Dickens que ainda recebem esse tipo de atenção lembrando que até hoje existem clássicos importantes do autor que não foram publicados no Brasil. Confira abaixo e escolha a sua:

Curiosidade: Você sabia que Dickens alterou o fim da história depois de ouvir os argumentos de Edward Bulwer-Lytton? Até hoje essa alteração levanta discussão, mas ao que parece o próprio Dickens viu-se convencido pelas considerações do amigo. Muitos autores comentam a mudança dentre eles George Orwell que diz que apesar do final do livro ser psicologicamente uma das melhores coisas que Dickens já fez, o original era mais consistente e mais natural em relação ao projeto todo.

Vou ficando por aqui. Estou começando a leitura do livro e em breve vocês poderão conferir a primeira resenha do Desafio de Clássicos. É um tanto emocionante saber que finalmente vou conseguir misturar mais as coisas por aqui e resgatar parte da ideia original do blog. E ai? Gostaram do livro? Acham que um dia vão ler? E você que já leu? O que tem a dizer de "Grandes Esperanças"? E não me conte o que achou do final, aliás quase li o final alterado. Foi por pouco... Até mais!