17/07/2017

Literatura - Sobre a universidade, elitismo literário e como ambos atrapalham a rotina de leitura

Iniciei o curso de psicologia em fevereiro do ano passado e desde então minha leitura se tornou irregular, divididas entre longos período de exaustão extrema, com a leitura obrigatória da universidade tomando cada momento livre de minhas semanas a períodos de ócio causado pela exaustão do período anterior.

Como blogueira e aficionada por livros essa inconstância é uma coisa que afetou muito minha rotina. Não gosto de ficar sem ler e não gosto de ler por obrigação. Equilibrar o grande volume de leituras obrigatórias da universidade com as leituras por prazer se tornou um exercício de paciência e vontade. Como conciliar leituras diárias com seis, sete, oito, até doze textos semanais? Como conciliar ler doze textos complicados, de linguagem acadêmica, erudita e que exige duas, três leituras para se compreender em toda sua extensão com uma meta de leitura anual de 200 livros?

A resposta que tive de aceitar depois de refletir e me chatear com o assunto foi impossível. É impossível cobrar-se uma meta quando tem de dividir seu foco entre leituras mais densas como Adorno, Horkheimer, Foucault, Arendt, Freud, e outros. Ao invés de transformar livros em números decidi ter sempre ambos as leituras ao alcance da mão, de forma que a cada momento livre, ou cada momento onde precise de distração, ou desconcentrar a cabeça dos problemas da universidade e do semestre tenha um livro em mãos. Desta forma não abandono uma das coisas que me faz mais feliz e nem comprometo meu rendimento na universidade.

Porém aliado a esse problema de tempo, rendimento e leituras obrigatórias versus leituras por prazer entra outro fator em questão. O quanto a universidade nos torna elitistas em nossas escolhas, e digo elitista no sentido de exacerbar a crítica a certos gêneros e a certos tipos de livro, tornando praticamente tudo que não é considerado cult ou clássico como as chamadas guilty pleasures, as leituras que fazemos, mas temos que esconder, por vergonha e porque determinados tipos de livro não "são bons o suficiente para serem chamados de literatura". Sim, isso existe e está piorando.

Além de ter de conciliar tempo e mudar toda minha rotina ainda tenho que me preocupar se o que estou lendo é "sério o suficiente" ou "bom o suficiente" para os filtros elitistas de muitos a minha volta. Apenas neste fim de semestre que decidi que não importa se estou lendo Tolstói, Pychon, Atwood, King, Martin, Rowling, Foer, Zhang, Asimov, Jordan ou Riordan, importa é que estou lendo.

Sim, qualquer leitura é importante. Quando entrei na universidade e ainda hoje tenho uma facilidade enorme em escrever e é graças aos livros, todos os livros que li ao longo desses anos com o blog e para o blog. Não importa o que a crítica pensa de tal gênero ou autor, e por isso tirei essa preocupação da minha mente. Por isso lhe digo leia sem metas, leia por prazer e principalmente leia o que quiser, quando quiser, sem vergonha do autor, do gênero. Qualquer leitura é importante. Um abraço e até mais!

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