11/05/2015

Resenha - Objetos Cortantes


Nome: Objetos Cortantes
No Original: Sharp Objects
Autor (a): Gillian Flynn
Tradutor (a): Alexandre Martins
Páginas: 256
Editora: Intrínseca
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida. Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Quando li Garota Exemplar tive uma reação semelhante à da maioria dos leitores, achei o livro incrível, mas ao contrário de muitos não gostei do final, da conclusão e sempre que penso no livro o aprecio pela engenhosidade, pelas camadas e complexidade de seus personagens, talvez por isso quando Objetos Cortantes apareceu na lista de lançamentos da Intrínseca esperava encontrar algo parecido. Se por um lado o livro de estreia de Gillian Flynn gelará o sangue dos leitores o surpreendendo tanto quanto em Garota Exemplar por outro é capaz de deixar uma dúvida perniciosa que em alguns falará mais alto tornando o livro apenas bom. Conheça Objetos Cortantes, o livro de estreia da autora que caiu no gosto do mundo inteiro.

Camille Preaker não acredita quando seu frustrado editor a manda para a pequena Wind Gap, sua cidade natal. Ser repórter do quarto maior jornal de Chicago não é grande coisa, mas com pequenas notícias Camille se virava, e retornar a Wind Gap era algo que ela não esperava fazer tão cedo. O sumiço misterioso de uma nova garota. Seu editor estava interessado porque em agosto passado a polícia de Wind Gap havia encontrado o corpo de uma garotinha estrangulado. Camille chega à cidade como uma forasteira, sem encontrar nenhuma facilidade na busca por respostas. Sua mãe, Adora não está feliz por vê-la, desde a morte de Mariam a relação das duas é estranha. Seu padrasto Alan parece mais um acessório que sua mãe carrega e exibe pela cidade e sua meia irmã Amma é uma garota estranha, mimada e com atitudes perturbadoras e contrastam com o que sua mãe diz. Quando o corpo de Natalie Keene é encontrado sem dentes Camille pode desistir de ir embora rápido. A investigação está fechada, ela não consegue respostas com Richard, o detetive enviado pela capital para cuidar do caso e nem com a família da vítima. A única testemunha do desaparecimento é uma criança e Camille não sabe se a polícia está investigando o que o garoto disse. A cidade toda está tensa, a pequena e católica Wind Gap, onde pouco acontece e famílias loiras se escondem tensas atrás de suas belas casas. Camille se sente sufocada pela cidade e conversar com Richard, o detetive, se torna uma de suas fugas do ar da cidade. Sem declarações oficiais, com uma fofoca correndo solta entre em moradores, Camille têm dúvida se conseguirá encontrar o verdadeiro culpado pelas mortes.

É essa a premissa que dá tom ao livro, uma jovem repórter voltando a pequena cidade do interior onde cresceu. Flynn constrói o caso de forma curiosa, como se a verdadeira história do livro fosse a cidade, a grande personagem que vamos conhecendo capítulo a capítulo, uma cidade de famílias tão ricas e tão pobres, tão católicas quanto sínicas, onde tudo parece perfeito e nada acontece. A pequena Wind Gap é o personagem que engana o leitor, que tem mais segredos e podres do que aparenta e na voz narrativa de Camille, a filha que sua mãe teve antes de casar e que cresceu como um membro extra, a mulher que é bonita e tem talento para o jornalismo, mas que se corta desde os treze anos.

Camille tem o corpo recortado por palavras, palavras que ela cortou ao longo dos anos, de suja e vazia, de anáguas a cupcake. É sua válvula de escape e motivo de vergonha para a mãe, que gosta de tudo perfeito e harmonioso. Através dela conhecemos diversos personagens da cidade, das amigas peruas da mãe as amigas problemáticas de sua meia-irmã. Ficamos atentos em busca de suspeitos e em busca de motivos, mas desde o começo toda a história soa estranha, do assassinato aos dentes arrancados e desde os primeiros capítulos tive minhas desconfianças. Não há suspeitos claros e como disse a autora desenvolve mais a cidade, seus moradores e estranhezas do que o assassinato.

A leitura fluiu fácil e é instigante apesar do clima todo diferente. Para uma estreia é um ótimo livro, e o fim deixará o leitor com os pelos da nuca arrepiado, Gillian Flynn foi audaciosa ao construir um final daquele, mas a parte do grande fim e da grande construção do cenário, essa cidade que se torna algo vivo para o leitor esperava mais desenvolvimento, principalmente dos conflitos de Camille, algo que explicasse ou pelo menos concluísse as coisas para ela. A edição da Intrínseca está ótima, capa, tradução, fonte, tudo cuidadoso. Recomendo a todos que gostaram do estilo da autora e principalmente aos que gostam de suspenses com investigação, mas que o foco é algo maior do que o assassinato. Leiam e se surpreendam! Até mais!

Um comentário:

  1. Adorei demais "Garota exemplar". Fazia tempo que não lia um livro que me fazia comentar cada capitulo em voz alta e as pessoas ficarem me olhando como se eu fosse louca.... Flynn com certeza é uma das grandes autoras da atualidade. Curiosa para ler esta nova obra. Obrigada pela indicação!!!

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