08/12/2014

Resenha - O Que Restou de Mim


Nome: O Que Restou de Mim
No Original: What's Left Of Me
Autor (a): Kat Zhang
Tradutor (a): Joana Faro
Páginas: 320
Editora: Galera
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Eva e Addie nasceram como todas as outras crianças: duas almas entrelaçadas no mesmo corpo. À medida que cresciam, começavam os olhares de censura e os questionamentos: Por que elas não estão se definindo? Definindo. Todo ser humano se define ainda na infância, o que significa que a alma recessiva deve partir para que a dominante possa ter uma vida normal. Mas isso nunca acontecia e Eva, a alma recessiva, continuava lá... escondida no próprio corpo. Eva e Addie eram híbridas. Considerados instáveis e perigosos, os híbridos foram perseguidos e eliminados das Américas. Por isso, Addie e Eva vivem da forma mais discreta possível. Mas Eva descobre que há uma chance de voltar a andar, falar e sorrir por conta própria, e agora está disposta a tudo para conseguir isso. O problema é que não estará arriscando apenas a própria vida. Afinal, ela nunca está sozinha.

Quando conheci a trilogia de Kat Zhang no Goodreads fiquei bastante curiosa e intrigada, afinal como uma trama que envolve dois personagens em um só corpo poderia funcionar? Não seria confuso demais? Para minha felicidade pouco tempo depois descobri que a Galera havia adquirido a trilogia e então foi só aguardar o lançamento. Chegando ao Brasil, O Que Restou de Mim é uma história audaciosa, que vai além do cenário distópico cruel e sombrio. Falando de forma única sobre identidade, escolhas, certo, errado, medo e sonhos, Zhang faz uma bela estreia. Conheçam o primeiro livro de As Crônicas Híbridas.

Eva e Addie dividem o mesmo corpo desde que nasceram. Ao contrário da maior parte da população a definição nunca veio. Eva continuava ali mesmo com todos os médicos afirmando que Addie era a alma dominante e que Eva desapareceria, era o correto e o natural, cedo ou tarde. Híbridos eram aberrações, e Addie sabia o que aconteceria caso fosse pega. Eva ainda estava lá, mesmo sem poder assumir o controle do próprio corpo, mesmo sem poder gritar, escolher seus favoritos e viver. A definição das duas foi um longo tormento para a família, que passou anos de hospital em hospital, de médico em médico até o pedido desesperado para o governo esperar mais um pouco. Aos doze, quando os médicos finalmente declaram Addie como definida a família toda se mudou, era um novo começo, mesmo com Addie sabendo que a qualquer momento alguém poderia perceber e denunciá-la. Quando Hally, um colega de classe começa a se insinuar em sua vida a convidando para uma visita Addie está com medo, mas Eva a encoraja a ir, afinal não pode passar a vida toda se escondendo. Isso chamaria atenção indesejada. Porém o que descobrem com Hally pode colocar tudo em perigo. Hally também não se definiu, assim como Devon, seu irmão. Addie tem vontade de correr e não olhar para trás, mas Hally diz que pode ajudar Eva a assumir o controle novamente. Com ajuda de um remédio Eva poderia voltar a viver plenamente. Mas Addie têm suas dúvidas, como poderia Eva sair pela rua se ela foi declarada definida? Para onde fugiriam? E tudo o que contam sobre os Híbridos? Quando perigos inesperados surgem a porta de sua família tudo o que Eva pode fazer é lutar. Ela não vai desistir de ter o controle de seu corpo novamente e Addie terá de ajudar se quiser sobreviver a caçada que o governo mantém sobre os Híbridos.

É a partir dessa sombria premissa que Kat Zhang conta sua história. Inusitada e audaz o universo deixa o leitor intrigado, curioso e cheio de perguntas. Como duas almas podem viver no mesmo corpo? É estranho pensar em um mundo onde guerras, preconceitos e intolerância são fixamente alimentados pelo governo apenas pelo fato de uma pessoa ser Híbrida. É uma bela analogia para o ser humano, sozinho em seu corpo e ainda assim tão mesquinho. Zhang acerta no tom ao tratar a história de Addie e dos outros de forma séria, dos experimentos do governo ao assassinato de crianças que não se definiram. O pano de fundo científico ficou crível e a ambientação é marcada por descrições bem colocadas que transportam o leitor para o dia a dia tenso de Addie.

Sem pausas para romances sem sentido e dramas desnecessários ela conduz sua história de maneira a surpreender o leitor. A cada capítulo nos identificamos mais com uma das irmãs e a cada capítulo ficamos surpresos em perceber que isso é possível. Eva é uma lutadora, Addie está com medo. Juntas elas se equilibram até o ponto de tensão máxima. É triste e angustiante acompanhar a história das duas. Como amar uma pessoa que pode tirar sua vida? Como viver sabendo que o preço disso foi sua irmã morta? É com questões como essa que as duas amadurecem e encaram a realidade de sua situação. Apresentando um universo interessante e protagonistas únicas o primeiro livro da trilogia encerra com uma promessa, de esperança, mas também de luta. Perguntas que precisam ser respondidas e que mantém o leitor na expectativa para o próximo livro.

Leitura que flui em um ritmo crescente a cada capítulo e que cativa a curiosidade do leitor tanto pelo inusitado da situação como pela sensibilidade da história. Kat Zhang pega uma premissa difícil de trabalhar e consegue equilibrar bem os elementos. Uma ótima estreia. A edição da Galera está ótima, fonte agradável e capa muito bem adaptada. Com uma trama dessas o livro sem dúvida renderia um daqueles filmes psicológicos, com mais profundidade do que ação e que desconcertaria quem assistisse. Recomendo a todos que querem algo diferente, uma premissa que vai mexer com o leitor, que pode levar aos extremos. Identidade, medos, escolhas, amor e preconceitos revezam em uma trama rica e inovadora. Leiam e se surpreendam com a delicada história dos Híbridos! Até mais!

As Crônicas Híbridas - Kat Zhang
1- O Que Restou de Mim
2- Once We Were
3- Echoes Of Us

Um comentário:

  1. Vi na sua lista de melhores do ano e fiquei mais curiosa ainda, a premissa é bem estranha e um tanto assustadora, pela resenha é mais tenso ainda, parece interessante e adoro essa capa. Ótima resenha! Beijos!

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