01/12/2014

Resenha - Cartas de Amor Aos Mortos


Nome: Cartas de Amor Aos Mortos
No Original: Love Letters To The Dead
Autor (a): Ava Dellaira
Tradutor (a): Alyne Azuma
Páginas: 344
Editora: Seguinte
Comprar: Martins - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Prestes a começar o ensino médio, Laurel decide mudar de escola para não ter que encarar as pessoas comentando sobre a morte de sua irmã mais velha, May. A rotina no novo colégio não está fácil, e, para completar, a professora de inglês passa uma tarefa nada usual: escrever uma carta para alguém que já morreu. Laurel começa a escrever em seu caderno várias mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Elizabeth Bishop… sem nunca entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era - encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um - é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.

Desde que conheci o livro de estreia de Ava Dellaira sabia que seria uma história diferente, daquelas que passa pelo leitor de forma única, por isso foi com felicidade que soube da publicação pela editora Seguinte e aguardei ansiosa o livro aparecer na lista de lançamentos. Cartas sempre me fascinaram, livros compostos apenas por cartas ainda mais e Ava Dellaira ainda acrescentou mais um elemento impossível de resistir a mistura: artistas mortos. Conheçam sua história de estreia.

Tudo o que Laurel precisava fazer era escrever uma carta para a aula, apenas uma carta para uma pessoa que já morreu, mas o que era para ser um dever de casa rápido se torna em um meio de alívio. Laurel perdeu a irmã mais velha de forma trágica e se culpa por sua morte. Pouco a pouco vamos conhecendo sua história, como ela cresceu unida a irmã, como sua vida se desenrola no novo arranjo desde que sua mãe foi embora. Passando semanas alternadas na casa de sua tia Amy para poder frequentar um novo colégio, longe dos amigos de May, dos professores e de todos os seus olhares de piedade, Laurel divide-se seu tempo entre conviver com uma tia excêntrica e um pai que mais parece uma concha do que já foi um dia. Escrevendo para personalidades com que se identifica, como Kurt Cobain, Janis Joplin, Amelia Earhart, Judy Garland, River Phoenix e vários outros ela nos conduz por sua confusa vida após a morte da irmã e pouco a pouco segredos inesperados começam a surgir no meio de novas amizades, velhas experiências, um primeiro amor e as cartas se tornam um meio de curar o passado.

É a partir dessa premissa que Ava Dellaira construiu sua história, emendando carta após carta conhecemos Laurel, e mais do que isso acompanhamos suas reflexões sobre vários temas, como morte, vida, paixões, amizades, amor, medo e dor. Cartas são o meio de dividir parte do que somos e do que estamos vivendo com o remetente, jamais escreveremos uma carta igual, mesmo que sejam as mesmas palavras, o remetente muda o tom da mensagem e é por isso que a história de Laurel ganha força, com cada remetente podemos ver intenções diferentes, mesmo que a mensagem seja um dia comum.

A narrativa cresce a cada carta, da insegurança de Laurel a força de deixar o que aconteceu para trás, suas descrições casam bem com o formato, com contornos o suficiente para cativar o leitor, mas brilhando mesmo quando entrelaça a vida de seus remetentes a sua própria história. Laurel é cativante, e o leitor consegue sentir seus medos à medida que ela discorre sobre si e sobre seus remetentes. A análise que ela fez de Cobain e Earhart foram duas das que mais marcaram o livro em minha opinião, assim como a carta onde ela fala sobre um poema de Elizabeth Bishop. Os personagens secundários além de contribuir com suas próprias histórias ajudam Laurel a crescer, não estando ali apenas por estarem. A história tanto de Natalie e Hannah, Kristen e Tristan, e Sky mudam o modo como Laurel encara a si mesmo, a colocando no caminho que conduz ao final. Dellaira soube intricar tudo muito bem e o leitor termina com um sorriso no rosto.

Leitura rápida, cativante e que toca o leitor onde ele menos espera. Ava Dellaira fala muito através de sua personagem, contando mais do que uma história de superação e luto, em cada carta ela colocou um pedaço de si e dos remetentes, tocando além de qualquer expectativa. A edição da Seguinte está ótima, capa bem adaptada e tradução fluida. Meu único pesar foi não ter cartas com letra cursiva. Adoraria ver a história adaptada, tanto pelo formato quanto pelas músicas e pelas análises de Laurel. Recomendado a todos que procuram algo diferente, que foge do comum que o jovem adulto caiu nos últimos tempos. Uma bela história, com belos personagens e muito bem apresentada, desenvolvida e finalizada. Leiam e se encantem. Até mais!

3 comentários:

  1. Gostei disso do livro fugir do que os jovens adultos caíram.
    Fiquei bem curiosa pra saber como a história vai ser conduzida por meios das cartas da Laurel, deve ser muito bom.
    Ótima resenha! Bjs, Min!

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  2. Hey!
    Nunca li um livro composto apenas por cartas..
    Mais que interessante escrever cartas destinadas a quem já morreu quem imaginaria fazer isso? :o Fiquei super curiosa em relação a história das irmãs e esse parece ser um livro carregado de emoções.
    Bjos*--*

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  3. Li e amei! Livros de cartas são deliciosos e concordo com tudo que disse, depois de ler nem acreditei de tão legal, é difícil achar YA criativos, adorei a resenha! Queria mais livros de cartas e a Seguinte que sempre acerta podia trazer mais! Beijos!

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