28/06/2014

Resenha - Tigana: A Voz da Vingança


Nome: Tigana: A Voz da Vingança
No Original: Tigana
Autor (a): Guy Gavriel Kay
Tradutor (a): Ana Cristina Rodrigues
Páginas: 352
Editora: Saída de Emergência Brasil
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Numa tentativa de recuperar Tigana, sua terra natal amaldiçoada, o Príncipe Alessan e seus companheiros põem em prática um plano perigoso para unir a Península da Palma contra os reis despóticos Brandin de Ygrath e Alberico de Barbadior. Brandin é maquiavélico e arrogante, mas encontrou em Dianora alguém à sua altura e está hipnotizado por sua beleza e seu charme. Alberico está cada vez mais consumido pela ambição, cego a todas as ciladas a seu redor. Enquanto isso, o grupo de heróis viaja pela Península em busca de alianças que podem virar a batalha a seu favor. Alessan está mais dividido do que nunca, Devin já não é o rapaz ingênuo que era antes, Catriana apenas deseja redenção e Baerd descobre um novo tipo de magia. Conseguirá Tigana vingar a memória de seus mortos? Ninguém pode prever as perdas que sofrerão nem que fim terá esse embate. Sacrifícios serão feitos, segredos antigos serão revelados e, para que alguns vençam, outros terão obrigatoriamente que cair.

Quando a Saída de Emergência chegou ao Brasil trazendo Tigana fiquei muito feliz ao mesmo tempo que muito preocupada. Como a história chegando em dois volumes não perderia seu ritmo e encanto? Nessa segunda metade o ritmo demora a se encaixar, como eu desconfiei, mas a história supera essa pausa forçada por sua própria força. Depois de ler o primeiro e me apaixonar pelo universo criado pelo autor, pelo tom único que ele deu a cada personagem, e depois de uma pausa forçada chego agora ao desfecho da luta de poucos por um nome. Guy Gavriel Kay conduz o leitor para um final inesperado e com seus ótimos personagens mostra porque Tigana é considerada por muitos um clássico do gênero.

Seguindo sua busca através de Palma, Alessan, Baerd, Devin e Catriana estão em caminhos separados. Alessan sente que a hora chegou. Com seu amigo Marius assumindo como rei em Quileia as peças estão quase todas no lugar. Depois do encontro dos dois, com o rei aceitando fazer o que Alessan lhe pediu, o príncipe de Tigana tem certeza que chegou o momento. Pela primeira vez em vinte anos ele voltará a Tigana, agora conhecida como Baixa Corte por todos. Sua mãe está morrendo e apesar das desconfianças o grupo parte rumo ao Santuário de Eanna. Devin está assustado e fascinado por estar em Tigana pela primeira vez desde que era muito novo. Depois de ver a forma com que Alessan encara essa volta para casa Devin começa a acreditar que eles conseguirão. A mãe do príncipe continua acreditando que o filho é um fraco por não ter simplesmente assassinado Brandin de Ygrath, mas ele sabe que para reconquistar Palma e Tigana é preciso derrubar os dois tiranos de uma vez só. Quando notícias surpreendentes chegam de Brandin, Alessan não sabe o que pensar. Brandin, depois de uma tentativa de assassinato toma uma atitude que pode mudar tudo ou simplesmente adiantar os planos. Alberico não vai ficar parado, vai avançar com seus exércitos e quando ele fizer isso o príncipe de Tigana estará pronto para agir, em uma jogada de mestre, arriscada e perigosa, Alessan colocará tudo em jogo para que os dois tiranos eliminem um ao outro sem perceber quem move as peças do jogo.

É complicado falar da premissa dessa segunda metade visto que o livro foi partido no meio e na realidade este é o desfecho da história, o desfecho da premissa que apresentei na primeira resenha. Como disse anteriormente a narrativa de Kay é cadenciada e marcada pelo forte desenvolvimento dos personagens. Sua história é fundada, construída e resolvida a partir de sentimentos humanos, seus medos e ambições, tudo em cima da tênue linha que separa o certo, o errado e o desejável. O autor, com seu protagonista mais jovem do que parece, mas muito maduro pelos anos difíceis que enfrentou, desenvolveu um mundo em guerra, onde todos estão insatisfeitos, e ninguém consegue fazer nada a respeito. Será que sua decisão de fazer mais do que vingança valeu a pena?

A forma simples que o autor entrelaçou a vida de Alessan por toda a Palma com outras pessoas e uniu isso tudo em um final inesperado e imprevisível foi ótimo. Para quem imagina um final clichê com o personagem triunfando sobre os dois tiranos está longe da verdade. Não imaginei o fim da forma que foi, muito menos os acontecimentos que o antecederam. Por exemplo, ainda não concordo com o fim de Dianora e ainda estou chocada com a revelação sobre o bobo da corte de Brandin. Tigana é mais do que uma obra de fantasia e um mundo novo, com guerras e batalhas, Tigana é uma história de força e desejos, memórias e alianças, que deixa o leitor com vontade de mais, vontade de acompanhar Alessan e todos os outros depois do fim derradeiro e com vontade de saber como fica essas pessoas, que tanto debateram consigo mesmos sob suas ações e objetivos, depois de tudo o que aconteceu.

Leitura rápida, mas que demora alguns capítulos para fluir por causa da divisão abrupta de volumes. A prosa de Guy Gavriel Kay é mais do que rica, ela ousa dos pontos certos e a optar por um final inesperado, diferente, o autor confirma a unicidade de sua história e seu mundo. Uma história feita de personagens muito mais do que de um mundo. Personagens brilhantes e complexos, que cativam o leitor e nos instiga em sua torcida. A edição da Saída de Emergência Brasil está ótima, fonte agradável, e capa bonita. Adoraria ver a obra adaptada, seja pelo cenário rico, seja pelos personagens únicos e ainda pelo lado sombrio de tudo. Renderia um filme belo. Recomendo a todos, não só aos fãs de fantasia, a história de Tigana vai além de um gênero, com personagens ricos, dramas humanos e repleta de linhas tênues. Leiam e se surpreendam! Até mais!

Tigana - Guy Gavriel Kay
1- Tigana: A Lâmina na Alma
2- Tigana: A Voz da Vingança

Um comentário:

  1. Ganhei o primeiro e ainda não li, mas tá todo mundo falando que é ótimo, estou super ansiosa para comprar esse segundo logo e ai posso ler, o negócio de se inspirar no formato da antiga Itália me deixou bem curiosa porque não se parece com fantasia comum e sem falar do que você fala na resenha de explorar muito bem os personagens. Adorei. Ótima resenha!

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