19/02/2015

Resenha - A Menina Que Tinha Dons


Nome: A Menina Que Tinha Dons
No Original: The Girl With All The Gifts
Autor (a): M.R. Carey
Tradutor (a): Ryta Vinagre
Páginas: 384
Editora: Fábrica 231
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Cultuado autor de quadrinhos e roteiros da Marvel e da DC Comics, entre eles algumas das mais elogiadas histórias de X-Men e O Quarteto Fantástico, o britânico M. R. Carey apresenta uma trama original e emocionante em sua estreia como romancista com A Menina Que Tinha Dons, lançamento do selo Fábrica231. Aclamado pela crítica, o livro se tornou um bestseller imediato na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos ao contar a história de Melanie, uma menina superdotada que faz parte de um grupo de crianças que saem todo dia para aula. Melanie não entende o medo do Sargento.. Ela adora ter aulas com a srta. Justineau e sonha com o dia que sairá da escola e viverá tudo o que ela ouve nas histórias. Uma comovente história sobre amor, perda e companheirismo encenada num futuro distópico. 

Quando a Rocco anunciou a Fábrica 231 fiquei curiosíssima para saber quais os livros seriam escolhidos para estreia e foi com surpresa que descobri que o recente bestseller de M.R. Carey foi um dos escolhidos. A Menina Que Tinha Dons é um daqueles raros livros que conquistam independente de gosto por gênero x ou z. Conheçam essa fabulosa história que conquistou entre os 220 livros que li o posto de melhor de 2014. Lembrando que a resenha possui spoiler no parágrafo 4º parágrafo e sugiro fortemente que você leia o livro sem saber seu segredo maior.

Melanie começa a contar sua história e assim somos levados pelo seu dia a dia. O dia de Melanie começa com o Sargento vindo buscá-la em sua cela, que tem paredes cinzas, uma cadeira, uma mesa e dois quadros. Antes havia muitas crianças chegando, mas já faz um tempo que não tem caras novas. Ela sabe que toda cela tem quadros diferentes e gosta dos seus atuais, um da floresta amazônica e outro de um gato bebendo leite. Melanie gosta de quando o Sargento a busca para as aulas. Todo dia o mesmo procedimento, ser amarrada na cadeira, braços, pernas e pescoço e ser conduzida para um lado do corredor, a porta da sala de aula. Melanie adora a sala de aula e mais ainda quando tem aula da Srta. Justineau. Ao contrário dos outros professores com suas vozes arrastadas e tabuadas, a Srta. Justineau está sempre com algo vermelho contrastando com sua roupa sempre branca como a dos outros professores, e ao contrário dos outros ela sempre conta histórias, recita poemas e faz brincadeiras com as crianças. Melanie imagina o dia que poderá sair da base e ir viver com a Srta. Justineau em Beacon, a salvos dos famintos e felizes. Porém não entende a dor e o sofrimento que transpassa o rosto de sua professora quando lhe diz isso. Quando o alarme soa inundando toda a base Melanie sabe que tem algo errado. Pior do que passar a noite presa na cadeira por ter falado com o Sargento, pior do que ser levado pela escadaria para nunca mais voltar. Famintos estão na base e ao lado da Srta. Justineau, da Dra. Caldwell, do Sargento Parks e do soldado Gallagher o grupo precisa sobreviver ao mundo devastado, e a muitos mais perigos que poderiam imaginar.

A premissa é basicamente essa e sinto muito de você leu em outras resenhas ou outras sinopses o que deveria ser a grande surpresa do livro. Carey construiu um mundo assustadoramente plausível que a cada capítulo faz o leitor pensar "nossa isso pode mesmo acontecer". A narrativa em um primeiro momento é a voz de Melanie, mas com a evolução temos vislumbres, longos ou curtos, de todos os personagens que escapam da base e é essa mistura de opiniões sobre a situação que torna a leitura ainda mais intrigante e surpreendente. Seja pela desconfiança irredutível do Sargento ou do amor da Srta. Justineau.

As descrições que acompanham a história casam bem em tom e volume tornando a ambientação parte marcante da história, mas sem desviar o foco do leitor. Muitos livros pós-apocalípticos erram nesse ponto e Carey acerta. Melanie não é uma criança normal e sua inteligência intriga à Dra. Caldwell do mesmo jeito que deixa o Sargento desconfiado. O autor foi perspicaz e muito inteligente ao pegar um fungo real e imaginar o que aconteceria se ele evolui-se na pirâmide natural, afinal todos os vírus, fungos e bactérias evoluem, se adaptam, muitos pulam de uma categoria de hospedeiro para outra e é aí a sacada de mestre, quanto tempo temos até esse fungo migrar para hospedeiros humanos? O que mais mudaria nele. O cenário de Carey deixa o leitor de olhos vidrados e com a mente fervilhando. Fascinados pela premissa e apaixonados pela complexidade da trama. Melanie não é um faminto, um zumbi, mas também não uma criança humana normal, somos cativados por sua perspectiva de maneira única e o final deixará o leitor sem palavras, literalmente sem voz e ação.

Leitura que fluí rápida, instigante, cativante, crível, inteligente, criativa e assustadora. M.R. Carey se mostra não só um ótimo contador de histórias como também um autor perspicaz que trabalha sua premissa com inteligência, sensibilidade e realidade. A edição da Fábrica 231 está ótima, folhas confortáveis, fonte pequena, mas com linhas bem espaçadas e capa muito bem adaptada. A tradução de Ryta Vinagre também está perfeita e minuciosa. Não preciso dizer que o livro renderia um filme único e bem interessante. Recomendado a todos, um livro que vai além do pós-apocalíptico, com personagens bem desenvolvidos, cativantes e com uma trama que vai surpreender até mesmo os mais descrentes. Leiam, se emocionem, se assustem e se surpreendam! Até mais!

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