20/04/2015

Resenha - A Estrela


Nome: A Estrela
No Original: Cartwheel
Autor (a): Jennifer duBois
Tradutor (a): Waldéa Barcelos
Páginas: 448
Editora: Rocco
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Quando chega a Buenos Aires para seu intercâmbio no exterior, Lily Hayes fica encantada com tudo que encontra- os prédios pitorescos, a comida vendida na rua, o rapaz bonito e esquivo da casa vizinha. Sua colega de quarto, a bela e estudiosa Katy, é um pouco chatinha, mas Lily não foi à Argentina para ficar na companhia de outros americanos. Cinco semanas depois, Katy é encontrada brutalmente assassinada na casa que as recebeu, e Lily é a principal suspeita do crime. Mas quem é, na verdade, Lily Hayes? À medida que o caso vai ganhando forma – revelando dissimulações, segredos e DNA suspeito -, Lily aparece alternadamente sinistra e ingênua aos olhos dos que a cercam- a imprensa, sua família, o homem que a ama e o que busca a sua condenação.

Conheci o livro de Jennifer duBois quando soube que a Rocco o lançaria, mas não fiz a ligação da história com o caso real de Amanda Knox até tê-lo em mãos. A Estrela é baseado no caso da garota americana que foi acusada de assassinar a colega de quarto durante um intercâmbio na Itália. Escolhendo a Argentina como o cenário de sua versão da história a autora nos conduz por um mundo de aparências, preconceitos e falsas impressões, onde a verdade não é o que importa e linha entre certo e errado não é apenas tênue, mas mutável. Conheçam A Estrela, mais do que levemente baseado em um caso real.

Quando Andrew recebeu o telefonema de sua ex-esposa viu seus piores temores consumados. Sua pequena Lily partira para Buenos Aires para um intercâmbio cheia de aviso dos pais, sobre drogas, sobre como o crime é maior na America Latina e muitas instruções. Andrew agora imaginava qual seria o crime, drogas, ter entrado sem autorização no terreno alheio? Por isso quando soube que era assassinato não pode acreditar, era ridículo a forma como a imprensa descrevia sua Lily, a garota cuja inocência deveria protegê-la nesse mundo, a garota que estava sempre sorrindo e sempre gentil estava sendo descrita pela imprensa como uma assassina, ciumenta, hiper sexualizada, cínica e amoral diante da calma alvura de Katy, a boa garota, estudiosa e de aparência pueril. Andrew temia no que isso podia terminar e tentava não pensar no assunto. Aliado ao seu ponto de vista do presente temos a história de Lily, do momento que ela chegou à cidade até sua prisão, além do ponto de vista de Sebastien, seu namorado, de Anna, sua irmã e de Eduardo, o promotor responsável pela acusação de Lily.

A partir dessa premissa acompanhamos o desenrolar da história, entre o passado e o presente conhecemos as versões da história assim como a versão de cada personagem. Pelos olhos de Andrew conhecemos uma Lily, pelos olhos de Eduardo outra e assim por diante. A narrativa é lenta e funciona como um grande ensaio sobre a natureza humana, sobre o que somos e o que mostramos para o mundo. Eu preferia que a autora tivesse mantido a história na Itália, não sei, algo não funcionou com a ambientação argentina. A visão dos personagens da cidade é muito superficial e em vários momentos perigosamente preconceituosa.

A trama é interessante, a dúvida permeia o leitor durante os capítulos, e à medida que conhecemos a protagonista acreditamos em sua inocência. Todo o processo é baseado em preconceitos e prejulgamentos por parte do tal Eduardo. Só pela aparência de Lily e pela aparência de Katy. É muito absurdo, mas é o que acontece em vários países pelo mundo e para quem gosta de um bom suspense investigativo ver um livro se desenvolve baseado em aparências. Não havia um argumento melhor do que "ela parece fria, despreocupada" entre tantos outros parecidos? O fim foi previsível baseando-se no caso de Amanda Knox todos saberão o fim antes da hora. Porém com os desdobramentos do caso esse ano o livro de Jennifer duBois ficou diferente do caso real.

A leitura é mais lenta e cadenciada, mas depois que cativa a atenção do leitor é possível ler o livro de uma só vez mesmo sendo uma leitura mais demorada. A escrita de Jennifer duBois é subjetiva, em alguns momentos é até mesmo rebuscada, sua prosa é explicativa, ela analisa cada personagem por vários ângulos, indo e voltando em pensamentos e observações. A edição da Rocco é cuidadosa, fonte agradável, tradução que passa o máximo de fluidez que o estilo da autora permite, acredito que até mais do que a versão original. Recomendo a quem gosta de uma ficção mais psicológica, mais analítica, um caso que ecoa o real em detalhes e agradará aos que gostam de personagens desenvolvidos as minúcias. Leiam! Até mais!

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