17/04/2015

Resenha - Não-Sei-Quê


Nome: Não-Sei-Quê
No Original: The Whatnot
Autor (a): Stefan Bachmann
Tradutor (a): Ana Carolina Mesquita
Páginas: 320
Editora: Galera
Comprar: Amazon - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Pikey Thomas não tem nada. Nem família nem amigos... nem dois olhos normais. Mas sua visão, quem diria, tem algum valor. Seu olho cinzento, capaz de enxergar o que não está à sua frente, pode ser de alguma valia para o irmão de Hettie — o corajoso Bartholomew Kettle. Alguma valia para o nobre que o adotou. E Pikey faria qualquer coisa para escapar do passado, qualquer coisa por uma nova chance. O destino dessas três crianças está prestes a se entrelaçar podendo acabar com o mundo das fadas e o dos homens.

Já faz um tempo que terminei o primeiro livro do autor Stefan Bachmann, mas desde então ainda me impressiono com o universo criado pelo autor, uma mistura elegante de fantasia e steampunk, o mundo de Peculiar remete a Londres de Jonathan Strange & Mr. Norrell, com figuras da sociedade pomposas, fadas vivendo em um mundo sombrio e parado no tempo e claro uma guerra. Por isso ao ver a continuação na lista de lançamentos não tive dúvidas, precisava lê-la. Não-Sei-Quê é diferente do que eu esperava, ainda mais sombrio e instigante que seu antecessor, um universo rico e brilhante. Conheçam.

Tudo o que Hettie sabe é que ela está andando há dias na neve e que o mordomo da fada a arrasta sem responder nenhuma de suas perguntas, por isso quando finalmente avistam a velha mansão que o mordomo falara Hettie tem esperanças de que poderá esperar seu irmão, Bartholomew. Ela sabe que Barthy está vindo buscá-la. Enquanto Hettie enfrenta a Terra Velha, a terra das fadas, Pikey Thomas tenta sobreviver. As ruas da cidade estão cada vez mais perigosas para Pikey, ele não lembra perfeitamente de quando perdeu seu olho, tudo que sabe é que uma fada o roubou e em seu lugar deixou aquele espaço vazio e cinzento denunciando que ele fora tocado pelas fadas. Com todo mundo caçando fadas, gnomos e qualquer ser do outro mundo, Pikey já ouviu falar da guerra, das prisões de fada e tenta evitar problemas, seu olho nem sempre mostra as ruas de Londres, ele já não tenta entender o que vê, por isso quando vê a menina que tem galhos na cabeça e anda por uma floresta coberta de neve ele não estranha. Quando um bando de garotos tira seu tapa olho sabe que está em apuros e é por causa de seu olho destampado e de uma meia que ele acaba na prisão onde o estranho peculiar está procurando alguém com acesso à Terra Velha. Pikey vê a oportunidade de escapar contando ao garoto que vê a terra das fadas. Ele só não imaginava que ao falar da garota o estranho ficaria todo interessado. Bartholomew já estava sem esperanças quando encontrou Pikey na cadeia, depois de anos procurando uma forma de chegar ao reino das fadas parece que finalmente terá chance de procurar sua irmã. É a primeira notícia dela em anos. Enquanto Hettie tenta sobreviver as reviravoltas nos planos do mordomo Bartholomew ao lado de Pikey ruma para o norte, para as fadas e os campos de batalha, conseguirá os dois saírem ilesos de planos muito maiores do que eles imaginam?

É a partir dessa premissa que este segundo livro se desenrola surpreendendo o leitor que esperava uma continuação nos moldes de sempre. O autor nos apresenta a Pikey, um órfão que vive nas ruas e foi tocado pelas fadas, através de sua voz narrativa somos atualizados sobre a fuga das fadas para o norte sobre a guerra e todo o caos que se seguiu após os eventos no fim do livro um e é através dele que vemos o universo criado por Bachmann ganhar ainda mais contornos. O tom não é diferente do primeiro, toda a ambientação é vívida tornando possível para o leitor sentir o clima úmido e sombrio daquele mundo, tanto na cidade quanto na estrada. As descrições levam o leitor por um universo riquíssimo que mescla steampunk e fantasia, um passeio de figuras estranhas, sombrias, com um Q de perversas seja do lado humano ou das fadas.

É por estas razões que as fadas do universo de Bachmann me levaram de volta a Jonathan Strange & Mr. Norrell, com o baile que não termina nunca e o homem de cabelo de algodão. Se o autor um dia quiser contar uma história adulta neste mesmo universo pode ter certeza de que ficará ainda mais fantástica. Foi bem legal acompanhar Hettie, com mais destaque ela cativará o leitor rápido com sua visão do mundo das fadas e suas perguntas. Mesmo sendo juvenil a trama não deixa nada a desejar, todos os elementos de ambos os livros são fantásticos, a trama é perspicaz e instigante além de ser contada de forma a surpreender o leitor. Capítulo a capítulo você será surpreendido com o desenrolar da história e ficará na expectativa para o autor voltar a esse universo.

Leitura envolvente, que flui em ritmo agradável, com ação, intrigas e um clima tão vívido que podemos sentir a neblina e o calçamento da rua molhado. Stefan Bachmann é uma escritor talentoso, mas sua força está principalmente na capacidade de contar histórias, de dar vida diante dos olhos do leitor a partir do nada. A edição da Galera está ótima, fonte, tradução e escolha de título perfeita. Depois deste livro dobrei minha torcida por uma adaptação bem fiel para os cinemas. Recomendado a todos que gostam de uma boa história, independentemente de ser juvenil o universo de Peculiar vai te conquistar. Leiam! Até mais!

Peculiar - Stefan Bachmann
1- O Peculiar
2- Não-Sei-Quê

Um comentário:

  1. Meu tipo de livro <3 amo esse estilo steampunk com muita fantasia *--* E essa capa é linda de morrer

    ResponderExcluir

Respeito é bom e eu gosto.
Não use palavras grosseiras, seja educado.
O blog é um lugar amigável, aja de acordo.