08/09/2014

Resenha - Nosferatu


Nome: Nosferatu
No Original: NOS4A2
Autor (a): Joe Hill
Tradutor (a): Fernanda Abreu
Páginas: 624
Editora: Arqueiro
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Victoria McQueen tem um misterioso dom: por meio de uma ponte no bosque perto de sua casa, ela consegue chegar de bicicleta a qualquer lugar no mundo e encontrar coisas perdidas. Vic mantém segredo sobre essa sua estranha capacidade, pois sabe que ninguém acreditaria. Ela própria não entende muito bem. Charles Talent Manx também tem um dom especial. Seu Rolls-Royce lhe permite levar crianças para passear por vias ocultas que conduzem a um tenebroso parque de diversões: a Terra do Natal. A viagem pela autoestrada da perversa imaginação de Charlie transforma seus preciosos passageiros, deixando-os tão aterrorizantes quanto seu aparente benfeitor. E chega então o dia em que Vic sai atrás de encrenca... e acaba encontrando Charlie. Mas isso faz muito tempo e Vic, a única criança que já conseguiu escapar, agora é uma adulta que tenta desesperadamente esquecer o que passou. Porém, Charlie Manx só vai descansar quando tiver conseguido se vingar. E ele está atrás de algo muito especial para Vic.

Quando vi o livro ainda com título provisório entre os lançamentos da Arqueiro não fiquei nem um pouco tentada a solicitá-lo porque não leio praticamente nada de terror e acreditava que o livro fosse do gênero, porém isso mudou quando vi o título nacional. Nosferatu, simplificando para quem não sabe é vampiro em romeno, e só após ver o título escolhido pela autora que atentei para o fato que o título original do livro é Nosferatu abreviado em letras. Curiosa por causa do título solicitei o livro e para minha surpresa, não total, afinal já tinha ouvido falar que Joe Hill era um ótimo autor, Nosferatu é um livro único, diferente de tudo o que já li e brilhante. Conheçam.

Nosferatu é dividido em várias partes, começamos conhecendo Vic, a Pirralha, que em sua bicicleta é capaz de buscar através de uma velha ponte qualquer coisa perdida. Uma vez foi a pulseira da mãe esquecida na lanchonete, outra um ursinho perdido para a amiga, depois uma foto do pai que perdeu na escola. Vic sempre conseguia abrir "a ponte" para onde quer que estivesse a coisa perdida, ela não sabia como fazia aquilo e preferia se convencer a cada coisa perdida na história mais simples que contava aos seus pais e amigos. Porém depois de recuperar um objeto e ter certeza de que prejudicou uma pessoa Vic não aguenta mais viver sem saber o que é a ponte como é que ela consegue fazer aquilo, e acaba em uma cidadezinha em Iowa, onde conhece Maggie, a bibliotecária, que tem um dom parecido com o seu, lá a moça, gaga e um tanto esquisita explica como é que Vic faz o que faz e a alerta das consequências. As duas não são as únicas, viajando pelo país em seu Rolls-Royce, Charles Manx, recolhe crianças, as levando para a Terra do Natal, a sua terra do natal, sempre auxiliado por alguém que ele escolhe. Bing, o novo escolhido "só precisa ajudá-lo a salvar dez crianças" para conseguir sua vaga na terra do natal. Mas a viagem distorcida de Manx, a ponte de Vic e as palavras de Maggie tem pouco em comum. Quando o caminho de Vic e Manx se cruza pela primeira vez uma terrível e sombria verdade vem à tona, mas é apenas no segundo encontro, com Vic já grande e mãe de um menino, que a realidade doentia de Charles Manx, seu Rolls-Royce e suas placas NOS4A2, KANSAS será toda revelada.

É a partir daí que a história se desenvolve e já contei até demais. A história criada por Joe Hill é um intricado de partes e camadas únicas, que parecem absurdas, mas que enredam o leitor e nos conduz de forma única ao ponto desejado pelo autor, para só então com sua narrativa brilhante revelar o quadro completo. Investindo em um terror mais subliminar e psicológico a história cativa os sentidos do leitor, nos deixando em estado de alerta, sempre esperando o pior e o recebendo de onde menos esperamos. Com trechos de duplo sentido e personagens ambíguos somos levados por uma trama assustadora, macabra, sombria e arrepiante, que tira o sono e o folego ao mesmo tempo em que encanta e surpreende.

Vic é uma personagem de fases, gostei dela desde o começo, e passei um tempo sem compreendê-la apesar de entender o porquê de ela ter agido como agiu. Toda a ideia por trás do que ela pode fazer, assim como o que Manx e Maggie podem fazer é fascinante, uma ideia brilhante e que Hill desenvolveu de modo único, completamente inovador. Ao nos apresentar uma Vic jovem e uma Vic adulta fomos confrontados com os extremos de uma pessoa e a mudança drástica de suas motivações. Já acompanhar o ponto de vista de Manx e Bing foi uma coisa, era como andar em uma sala escura, sempre esperando o pior em cada canto em cada barulho estranho no ar. O ritmo é cadenciado e com o desenvolver das várias camadas demoramos um pouco a pegar o ritmo, mas a sensação que o livro causa desde o princípio é a mesma, até as páginas finais. Fim esse que me deixou mais curiosa ainda, e o autor parece que fez questão deixar o tom macabro no ar com aquele fim.

A leitura é rápida apesar de o ritmo demorar a engatar justamente pelas camadas da trama e pelo jogo do que é e o que não, do que parece e realmente é. São vários os personagens secundários que merecem mais destaque, mas não vou falar muito deles. Nosferatu é uma história que merece ser descoberta página a página. É o primeiro livro de Joe Hill que leio, e aposto que peguei o autor em seu melhor. Ótima história, ótima trama e desenvolvimento perfeito. A edição da Arqueiro está perfeita, fonte agradável, bela diagramação, escolha de capa perfeita e opção de título perfeita. Adoraria ver uma trama como essa no cinema, seria ainda mais arrepiante se adaptada fielmente. Recomendado a todos que procuram um ótimo mistério, com suspense, bastante imersivo e inovador. Uma história madura que vai agradar leitores de todos os gêneros. Impossível não se ligar na história apresentada por Hill. Leiam e se surpreendam! Até mais!

7 comentários:

  1. Olá, tudo bem?

    Primeiramente parabenizo pela ótima resenha. Não me cansarei de parabenizar suas resenhas, pois são fantásticas.

    Eu não tinha a mínima vontade de ler esse livro, mas você me convenceu. Coloquei na lista de prioridades do mês. Beijos!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  2. Caramba que sinopse. Ele me chamou atenção pelo titulo. Logo pensei que se tratava do vampiro, mas quando li a sinopse não foi exatamente uma decepção, foi uma surpresa boa. Eu nunca li nada do Joe Hill, mas ouço falar muito dele.
    Já queria ler o livro, mas com a sua resenha, a cada frase eu fui criando mais curiosidade e vontade de lê-lo. Espero tê-lo logo minhas mãos.

    P de Paranoia

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  3. Também nunca li nada do Joe Hill, esse foi o primeiro livro dele que me interessei e que só recebe elogios.
    Gostei dessa parte do autor criar um terror mais psicológico, deve ser muito muito boa a sensação de alerta.
    Uma pena demorar pra pegar o ritmo da coisa, mesmo assim não deve incomodar muito.
    Aposto que esse é o melhor livro do Hill!
    Amei a resenha! Bjs, Min!

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  4. Gente.. sério... que poder é esse??? É quase um teletransporte com misto de ação social e ainda terror!
    Já li boas resenhas sobre este livro em outros blogs, desconheço o autor Joe Hill, mas a crítica tem sido incrível... Já entrou na minha lista de desejos.

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  5. O título nacional do livro realmente chama atenção, e a sinopse ainda mais. Resenha sensacional, deu ainda mais vontade de ler o livro.

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  6. Eu conhecia o livro, mas não a sinopse, e fiquei muito curiosa agora pra ler, mas.. caramba, nem imaginava que ele é filho de SK! Bom saber hehee. Parece bastante original, ele aprendeu direitinho com o pai. Ansiosa pra ganhar ou comprar o livro...rs

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  7. Oiee.
    Apesar da sua resenha ter sido bastante positiva pra esse livro, ainda não me convenci de que vou gostar. Isso de poder ir a qualquer lugar do mundo porque tem esse dom não me agradou, raramente livros com esse tipo de pegada me agradam, por isso estou em dúvida com relação a esse.
    Então não sei se o lerei, está mais pra não do que pra sim.
    Bjokas!

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