20/08/2014

Resenha - O Doador de Memórias


Nome: O Doador de Memórias
No Original: The Giver
Autor (a): Lois Lowry
Tradutor (a): Maria Luiza Newlands
Páginas: 192
Editora: Arqueiro
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente – o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente. Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar. 

Faz muito tempo que queria ler a história criada por Lois Lowry, mas sempre encontrei o livro indisponível e pouco depois a editora anunciou que a edição estava esgotada, por isso acabou passando. Como o primeiro de um dos quartetos mais elogiados da distopia, o livro acabou ganhando as telas e com isso uma nova edição. Mesmo relutando pela capa de filme e pela mudança no título devido ao filme acabei solicitando o livro e foi uma das melhores decisões que tomei. Lois Lowry é uma autora excepcional e sua história tocante, conheçam o primeiro do quarteto O Doador.

A história acompanha Jonas, um garoto que vive em uma comunidade onde tudo é perfeito e ordenado. Bebês nascem das mães biológicas, passam pelos Criadores e depois disso são encaminhados para as famílias que solicitam. Jonas tem uma irmã, que foi solicitada quando ele tinha 4 anos. Agora ele é um Onze e aguarda ansioso para ser um Doze, quando os anciões indicarão que carreira ele irá seguir. Seu pai é um criador, e adora o que faz. Todo dia eles compartilham os sentimentos a noite e os sonhos pela manhã. Todo morador da comunidade recebe sua bicicleta quando vira um Nove, toda pessoa é punida quando fala algo sem sentido, desnecessário ou errado, ao contrário. Tudo parece perfeito e organizado, Jonas não poderia achar mais confortável e correta a vida que leva. Quando os filhos saem de casa os pais vão para a área dos adultos sem filho e quando ficam idosos vão para o lar onde depois serão dispensados. Os anciões também escolhem com quem cada um formará uma unidade familiar. O pai de Jonas está com um bebê que se não crescer será dispensado e Jonas imagina se em Alhures alguém ficará com ele. Quando na cerimônia é escolhido para ser o Recebedor sua família fica honrada, mas ele está com medo, e quando começa a descobrir que sua vida era uma ilusão e que por trás da estabilidade existem verdades macabras, Jonas terá que escolher se tem forças para lutar contra tudo ou se apenas aceitará o fardo.

Esse é o ponto de partida da história e fiquei bastante da dúvida sobre o que falar e o que omitir. A história apresentada por Lowry precisa ser desvendada pouco a pouco, cada fato e cada costume, cada pequeno detalhe é importante e à medida que a realidade foi sendo desvendada tanto por Jonas quanto pelo leitor ficamos chocados. Desde o começo fica nítido que tem algo muito errado ou no mínimo muito diferente no lugar onde Jonas vive. Seja a partir das descrições, do ambiente ou a partir do que o protagonista comenta, o universo da história é envolvente, e o clima de utopia perfeita e sinistra lembrou-me do grande clássico de Aldous Huxley.

Espero sinceramente que a editora lance o restante do quarteto o quanto antes, o fim deixa a conclusão em aberto de uma forma diferente, mas que ainda assim pede mais, mesmo os outros livros partindo de outros pontos e não de Jonas. Não sei como quem leu anos atrás a primeira edição ainda não teve um colapso esperando as outras histórias que fecham o universo. Jonas é um bom protagonista e tende a crescer ainda mais, sua atitude para com Gabriel foi um dos pontos altos da história assim como a amizade entre ele e o Doador, a narração é bastante intuitiva e apesar de descobrimos bastante coisas antes de Jonas partindo de simples dedução, temos a impressão de que estamos junto com Jonas em suas descobertas. Espero que a autora explique mais no próximo como o processo das memórias funciona e como a comunidade ficou como é, se é a única e o máximo de detalhes que puder.

Leitura rápida, imersiva e tocante. Lois Lowry joga com o clima utópico e o contraste entre a inocência das palavras da irmã de Jonas e dos próprios adultos, e imprime na história de forma profunda a discussão do que é preciso pagar para ter uma sociedade livre do que consideramos os males do mundo. Vale a pena pagar o preço? Queremos mesmo estabilidade e paz a qualquer preço? Do que abriríamos mão no processo para isso acontecer? A edição da Arqueiro está ótima, menos na capa do filme e na troca do título. Ainda não vi o filme, mas acredito que mudaram algumas coisas. Recomendado a todos que querem uma distopia mais densa, mais tocante, que choca e faz pensar. Leiam e se surpreendam! Até mais!

Quarteto O Doador - Lois Lowry
1- O Doador de Memórias
2- Gathering Blue
3- Messenger
4- Son

8 comentários:

  1. Eu tinha ouvido falar desse livro por conta do livro, mas eu nem tinha lido a sinopse. Parece ser muito bom. Eu gosto bastante de utopias. Vou encomendar o meu hoje mesmo.

    P de Paranoia

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  2. Esse livro me chamou muita atenção por causa de como funciona essa comunidade da história, achei a ideia boa. E o livro deve ser bom mesmo, por deixar a gente ansioso pelo próximo livro, agora que espero mesmo os outros serem lançados pra não ter um colapso, rsrs.
    Ótima resenha! Abraços!

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  3. Estou super ansiosa para ler esse livro desde que vi a nova edição, não gostei da capa, mas sempre quis ler também e nunca achei, todo mundo que leu fala super bem, e pela resenha dá para ver que adorou também, utopia, distopia, sempre gosto de achar do primeiro ainda mais super elogiado. Adorei a resenha! Abs!

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  4. Oiee.
    O livro até que me interessou bastante, acho que é um daqueles em que eu não iria querer largar até terminá-lo, mas o fato da continuação não ter sido lançada mesmo depois de tantos anos me afastou.
    Pelo que eu soube já são oito anos de espera e até agora nada, tenho medo de realmente me apaixonar por ele e ficar "chupando dedo" por não ter a continuação.
    Não sei se vou lê-lo tão cedo.
    Bjokas!

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  5. Me responde uma pergunta... Depois dessa resenha tem como não se apaixonar pelo livro? Desejando ele e toda a série hehehhe!!!!!!

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  6. Já ouvi muitos falarem desse livro, deve ser bom, vai entrar na minha lista

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  7. Ainda não tinha lido nada a respeito e gostei do que li aqui, acho que vai ser um livro que vai me surpreender positivamente, também quero conferir o filme, mas vou dar prioridade para a leitura.

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  8. Este livro inspirou meu interesse, mas pela gama de distópia de má qualidade, acabei optando por outros títulos + seguros, agora com sua excelente resenha, me encantei, ja o coloquei em minha lista mas vou esperar o lançamento de todos. Parabens pela resenha!!!

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