17/02/2014

Resenha - Todo Dia


Nome: Todo Dia
No Original: Every Day
Autor (a): David Levithan
Tradutor (a): Ana Resende
Páginas: 280
Editora: Galera
Comprar: Travessa - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: O protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

Conheci o nome do autor algum tempo atrás quando vi o primeiro dele lançado aqui no Brasil e desde então acompanho o crescente burburinho que seus livros vêm causando. A cada novo livro Levithan surpreendia mais e mais não só os jovens leitores e por esse motivo quando recebi o livro através da Record, fiquei muito feliz e o li em menos de dois dias. Porém não escrevi a resenha de imediato porque não sabia por onde começar. Sim, eu gostei da história, mas não, algo me incomodou nela e não queria ser injusta com o livro. Sendo assim confira meses depois minha opinião sobre o badalado Todo Dia.

A. é o protagonista e a cada 24 horas A. muda de corpo. Um novo hospedeiro todo dia por toda sua vida. São 16 anos vivendo dessa forma, sem família e amigos, passando de garotos para garotas e seguindo um código de causar o menor transtorno possível para seu hospedeiro. Isso até ele conhecer Rhiannon. Sua vida muda depois de conhecê-la. A. consegue ver e entender Rhiannon da forma que ela realmente é e desrespeitando suas próprias regras A, como Justin dá um dia inesquecível a ela, levando consigo as memórias daquele dia. A. se envolve demais revelando seu segredo e a cada novas 24 horas luta para encontrá-la. Passando por pessoas cada vez mais distintas e com problemas próprios A. não consegue apenas lidar com os problemas de cada um, e se vê alterando a vida dos hospedeiros. Mas A. sabe que não pode viver assim para sempre. Ele precisa das respostas que nunca encontrou. O que ele é? Existe outros iguais a ele? A. quer sentir o que está sentindo, quer se permitir viver, mas A. sabe que no fim terá se fazer sacrifícios.

É a partir daí que o autor desenvolve uma gama de temas referentes a identidade, a importância que o ser feminino e masculino tem na vida de todos e o real valor disso na vida de cada um. Com a história de A. Levithan pretende mostrar o quanto a sociedade torna complexo algo que é simples. Através de A. o autor leva ao leitor um novo modo de ver o amor. Todo esse lado da história foi ótimo, o ser além do corpo, Levithan mostra ao leitor que a parte que a ciência não explica de onde vem é que sente portanto porque somos tão preconceituosos? E nessa questão o autor foi brilhante. A narração é fluida e o ritmo é cadenciado, ágil sem ser corrido e cativa desde o começo.

Além dessa questão do protagonista não ser identificado como garoto ou garota e viver cada 24 horas em uma pessoa, Levithan através dos hospedeiros de A. traz para a trama questões como a obesidade mórbida, vícios em drogas, depressão, luta contra a sexualidade, tentativa de suicídio e outros. A mistura de temas é grande, mas o que mais me incomodou foi a pouca participação que isso tem na trama, afinal A. desde o momento que conheceu Rhiannon focou em descobrir mais sobre a sua situação e em como ficar perto dela. Em minha opinião o autor poderia ter investido mais na próprio história, desenvolvido mais os hospedeiros por onde A. passou e até mesmo construído mais a história de A., revelando suas origens e mais. Levithan preferiu simplificar, e ficou bom, mas poderia ter sido melhor ainda, mais complexo e mais rico. O fim foi belo, mas deixa questões em aberto. Se Levithan desenvolvesse mais todos os pontos que citei o livro teria facilmente o dobro de tamanho.

A leitura flui com naturalidade e ao mesmo tempo que surpreende o leitor com conceitos tão abertos cativa justamente por essas diferenças. David Levithan mostra porque é um dos autores mais elogiados pelo público e pela crítica. Sem medo de julgamento ele apresenta histórias fortes, que marcam o leitor e nos faz pensar na nossa própria situação. Sem tom é único entre os livros do gênero que já li. A edição da Galera está ótima, desde a capa mantida até a fonte e a tradução. Recomendado a todos que procuram algo inovador dentro do gênero, uma história que vai além de qualquer barreira e traz o amor de forma única. Leiam e se surpreendam! Até mais!

10 comentários:

  1. Esse foi um dos últimos livros que li em 2013 e me deixou muito impressionada. Eu realmente gostei, mas terminei com uma pontinha de angústia exatamente pelas coisas que deixa em aberto! E eu queria uma boa explicação sobre a origem de A. sim. Mas sobre as temáticas sérias e sobre a forma como A. enfrenta os dramas dos hospedeiros: A. só fica 24 horas com cada pessoa/problema então nem se envolve tanto mesmo! De certa forma não se aprofundar tem sua coerência. Talvez se fosse um livro sobre A. e os hospedeiros e não sobre A. e Rhiannon nós teríamos ficado mais satisfeitas, não? Por outro lado, tem horas que o sentimento por Rhiannon parece ser o que impede A. de perder sua identidade no meio de tantas passagens por outras vidas.

    ResponderExcluir
  2. Não li o livro ainda, já vi muita gente falando dele e agora tua resenha, mas não sei, tem algo que não bate. Eu adorei o outro do Levithan que li, o primeiro dele lançado aqui, mas ainda não animei a ler esse, o que disse é bem impressionante e tudo, e vamos ver, quem sabe eu leio. Ótima resenha como sempre, mas to na dúvida por causa dos temas. Beijos!

    ResponderExcluir
  3. Tá na lista de desejados, mas não sei quando vou ler, a resenha me deixou mais curiosa e surpresa com algumas coisas. Gostei, sempre bom conhecer algo que já achava conhecer direito. Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Li a resenha e fiquei super curiosa com a história, pensei que o livro seria mais para comédia pela situação que o protagonista viveria no corpo de outras pessoas.. E agora quero entender como ele se apaixonou e como vai conseguir lidar com isso sendo que cada dia ele ta no corpo de uma pessoa. Ótima resenha!!!

    ResponderExcluir
  5. Já li esse livro e o que posso dizer é que fiquei totalmente sem palavras e querendo ser mais coisas do autor, ver tudo o que o A fez e a confiança de Rhiannon nele foram coisas que eu realmente precisava naquele momento, este se tornou um dos meus livros favoritos, e o final, totalmente inesperado, fiquei com algumas perguntas sem resposta, mas feliz pelo livro como um todo!

    ResponderExcluir
  6. Eu amei esse livro, 100% e demais, gostei de tudo, tudo mesmo que o autor fala, acho que esse é um dos livros mais inteligentes que já li e gostei muito de algumas coisas que você falou na resenha porque pensei nelas quando li, quero muito outros livros do autor, gostei da resenha, espero que gostei mais e mais dos livros dele.

    Beijos. Camis

    ResponderExcluir
  7. Ouvi coisa muito boas sobre o autor David Levithan e também sobre esse livro. Fiquei muito curiosa, com certeza leria.

    ResponderExcluir
  8. Adorei o livro e to a procura de outros livros do autor, só não gostei um pouco da capa, a história é isso mesmo que você disse, só queria um fim melhor, mas completo, a resenha tá muito boa, a forma que você falou de tudo é bem isso mesmo. Bjo para ti!

    ResponderExcluir
  9. Já ouvi falar desse autor vagamente. A história é muito interessante, pelo meno pra mim, um tema inédito. Quero lê-lo o quanto antes.

    ResponderExcluir
  10. Eu estou quase terminando a leitura e estou amando esse livro. Adoro as vidas que A vive, as lições que ele passa. Eu considero a Rhiannon uma inocente por não largar o Justin e ficar com A que é uma pessoa maravilhosa. Uma das minhas partes favoritas do livro é quando A amanhece sendo garota e vai encontrar a Rhiannon e ela fica toda sem jeito porque pra A é comum, então ele interage com ela como se nada estivesse errado (pra ele não está), mas pra ela é estranho.

    ResponderExcluir

Respeito é bom e eu gosto.
Não use palavras grosseiras, seja educado.
O blog é um lugar amigável, aja de acordo.