22/11/2013

Resenha - O Livro dos Prazeres Proibidos


Nome: O Livro dos Prazeres Proibidos
No Original: El Libro De Los Placeres Prohibidos
Autor (a): Federico Andahazi
Tradutor (a): Luís Carlos Cabral
Páginas: 294
Editora: Bertrand Brasil
Comprar: Travessa - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Em 1455, a cidade de Mainz, na Alemanha, está em polvorosa. Não bastassem as revoltas populares tão comuns à época, Gutenberg está sendo acusado de comercializar livros clandestinos, de roubar e de praticar bruxaria e satanismo juntamente com seus parceiros comerciais, Johann Fust e Petrus Schöffer. Sigfrido de Maguntia, o promotor do caso, é considerado o maior copista de seu tempo e tem um interesse especial, já que a Bíblia que os réus copiaram foi originalmente escrita por ele próprio. Ao mesmo tempo, o terror se espalha pela cidade, em especial no Mosteiro da Sagrada Canastra, um bordel de luxo às margens do rio Reno cujas prostitutas são adeptas das práticas dos “prazeres proibidos”. O motivo: um assassino anda à solta. Suas vítimas: invariavelmente, as prostitutas do bordel, que são mortas com brutalidade e têm as peles meticulosamente arrancadas. O burburinho comum do local dá lugar ao silêncio. Tão acostumados a visitar as “adoradoras da Sagrada Canastra” e a praticar seus rituais bem peculiares, os homens da cidade estão trancafiados em suas casas, assim como as prostitutas.

Assim que vi o livro entre os lançamentos da Bertrand pensei em duas coisas: "parece um ótimo histórico" e "ah não, mais um erótico disfarçado". Entre esses dois pensamentos opostos acabei solicitando o livro a editora em um impulso intuitivo que felizmente se provou acertado. O argentino Federico Andahazi construiu uma história peculiar e riquíssima sobre duas indagações distintas, mas sutilmente ligadas. Gutenberg foi um genial inventor ou um grande falsificador? Quando a sexualidade deixou de ser algo sagrado para se tornar algo proibido?

Mainz, 1455. Enquanto Gutenberg, Fust e Schöffer escutam a inflamada acusação feita pelo promotor e copista Sigfrido de Mangúcia contra o que ele chama invento do diabo do outro lado da cidade Ulva, a prostituta mãe do Mosteiro de Sagrada Canastra lamenta a morte de mais um de suas meninas. O Mosteiro, o mais luxuoso bordel de Mainz, vem sendo alvo de um assassino cruel e silencioso, que chega sem ser visto, sufoca suas vítimas e leva suas peles consigo sem ser notado. Após o terceiro hediondo crime Ulva sabe atrás de que o assassino está. E de uma forma sutil os misteriosos assassinatos estão ligados ao julgamento que acontece na cidade. Por um lado mergulhamos nas lembranças de Gutenberg e por outro conhecemos os segredos e a história do Mosteiro da Sagrada Canastra. A tradição que remonta aos antigos cultos da Babilônia. A arte que era sagrada e que a Igreja tornou profana e proibida.

A narrativa de Andahazi é bastante fluida e o autor consegue levar ao leitor duas histórias, sutilmente interligadas e com fortes bases históricas. Duas perguntas, dois temas distintos juntos em um livro que os interliga de forma sutil em favor de desenvolver cada uma a seu modo. Por um lado essa não foi a melhor decisão tomada pelo autor, mas por outro funciona. A sensação de estar acompanhando duas histórias diferentes é superada pela riqueza e destreza que Andahazi imprimira ao apresentar e desenvolver as histórias. A ambientação é outro ponto que merece destaque, as descrições se sobrepõem as minúcias históricas, aliando o visual as curiosidades dos temas desenvolvidos.

A partir de muita observação e alguma pesquisa Andahazi reconstrói a vida do homem que mudou a forma como a humanidade via os livros. Teria Gutenberg inventado a prensa com a intenção de mudar a forma de fazer os livros, de facilitar e aumentar o mercado de livros ou com a simples intenção de falsificar algumas bíblias em busca de dinheiro? Sim, devemos a evolução dos livros a seu invento, mas indo além da genialidade de seu invento Andahazi desconstrói a vida de Gutenberg a partir de suas lembranças, desde criança quando conheceu com fascínio o ofício do pai, cunhador na Casa de Moedas e a silenciosa reverência que tinha pelos copistas até a desgraça da família, a fuga dos judeus de sua cidade natal a vida financeira apertada e aos estudos que o levam a prensa.

Do outro lado da história o autor mergulha dos detalhes da antiga tradição babilônica, desde o culto a deusa Ishtar até os detalhes cerimoniais, enquanto especula sobre a sobrevivência através dos séculos do que para um pequeno grupo ainda é considerado sagrado. Andahazi faz viver a impressão de que seu relato é mais do que ficção e enquanto acompanhamos os tormentos da vida de Gutenberg especulamos sobre o estranho culto do Mosteiro da Sagrada Canastra.

Leitura rápida e curiosa, que instiga o leitor e conta duas histórias curiosas, com riquezas históricas próprias e que debatem questões interessantes. A prosa de Federico Andahazi é bastante rica e a desenvoltura com que ele debate suas perguntas na trama é notável, sendo um dos pontos que mais surpreende e cativa durante a leitura. No mais a estranheza diante do segundo tema é passageira frente ao tom da narração e a curiosidade do assunto. A edição que recebi é de prova, mas posso comentar que a capa do livro está belíssima e a tradução possui um ritmo ótimo. A história sem dúvida renderia um filme perfeito, tanto pela importância da prensa de Gutenberg quanto pelo ponto de vista abordado pelo autor. Recomendado a todos que gostam de um bom histórico e que não julgam uma história pela aparência do tema. Rico e pungente. Leiam e se surpreendam! Até mais!

11 comentários:

  1. Não conhecia o livro nem o autor e além dessa temática de suspense e ter toda essa questão dos crimes, a questão histórica me chamou muito a atenção porque parece vinda de boas fontes, o que sempre aguça ainda mais a curiosidade do leitor.

    ResponderExcluir
  2. Apesar da trama, a investigação e tudo mais, mas esse livro não me chamou a atenção. Ainda estou com o pé atrás com ele.

    ResponderExcluir
  3. Só pela capa,já curti. Gosto muito de de autores sul-americanos.

    ResponderExcluir
  4. Olá Yasmin, tudo bem??
    Sempre conhecendo livros super interessantes aqui pelo blog!! Achei super interessantes este livro e este gênero é um dos meus preferidos,e já adicionei este livro a minha lista de desejados.

    ResponderExcluir
  5. Não faz muito meu estilo, justamente por essa insinuação de erótico, mas a capa é linda e o lado histórico parece bem interessante, e Gutenberg foi tão importante para os livros que fiquei com vontade de ler, mas não sei, sua resenha está ótima, e me deixou com vontade, quem sabe supero o medo de ter algo que não goste? Ótima resenha, beijo para ti!

    ResponderExcluir
  6. Oi!
    Eu não conhecia o livro e apesar de você dizer que é bom e legal continuo com o pé atras. Espero, se tiver a oportunidade de ler, que eu esteja equivocada.
    bjs

    ResponderExcluir
  7. Não conhecia o livro mas gostei muito do tema cheio de suspense. Vou procurar o livro para ler, pois acho que ele é bem interessante. Gostei da resenha.

    ResponderExcluir
  8. Olá Yas, andei sumidinha ):
    Mas voltei, e com toda sede de novidades. E me deparo com um livro que me encantou pela capa e pela sinopse (e pelo titulo que deu um ar todo perverso 3:) ). Tua resenha está muito boa, e me fez querer ainda mais ler o livro... que parece ter uma trama bem cuidada, onde nós nos envolvemos com a história. Achei muito interessante a ideia de duas histórias... quero ver essa ligação. Bjs

    ResponderExcluir
  9. O livro até parece ser legal, mas não faz mt meu estilo... mas a capa chama a atenção (ao menos chamou a minha)

    ResponderExcluir
  10. Gosto de históricos e a história da prensa por outro ângulo parece bem interessante, mas se tiver mesmo algo mais erótico não gosto então fico bem na dúvida, pelo que disse tem sim, mas é de forma produtiva, não sei, gostei da resenha e quem sabe leia. abraços!

    ResponderExcluir
  11. Ainda não tinha lido nada sobre o livro, mas durante a resenha me peguei muito ansiosa para lê-lo. Principalmente porque a trama apresentada por o autor traz duas coisas que eu gosto muito: mistério e suspense. Não sei quando lerei, mas certamente já entrou na minha lista de desejos.

    ResponderExcluir

Respeito é bom e eu gosto.
Não use palavras grosseiras, seja educado.
O blog é um lugar amigável, aja de acordo.