05/09/2013

Resenha - A Menina Que Semeava


Nome: A Menina Que Semeava
No Original: Blue
Autor (a): Lou Aronica
Tradutor (a): Mª Angela Amorim Paschoal
Páginas: 416
Editora: Novo Conceito
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Chris Astor é um homem de seus quarenta e poucos anos que está passando pelo mais difícil trecho de sua vida. Ele tem uma filha, Becky, de 14 anos, que já passou imensas dificuldades até chegar a se tornar uma moça vibrante e alegre, mas que parece que terá que enfrentar mais um grande problema em sua vida. Quando Becky era pequena e teve câncer, Chris e ela inventaram um conto de fadas, uma fantasia infantil que adquiriu vida e tornou-se um terrível, provavelmente fatal, problema. Agora, Chris, Becky e Miea (a jovem rainha da fantasia criada por pai e filha) terão que desvendar um segredo: o segredo de por que seus mundos de fantasia e realidade se juntaram neste momento. O segredo para o propósito disso tudo. O segredo para o futuro. É um segredo que, se descoberto, irá redefinir a mente de todos eles.A menina que semeava é um romance de esforço e esperança, invenção e redescoberta. Ele pode muito bem levá-lo a algum lugar que você nunca imaginou que existisse. Uma fantasia que trabalha assuntos densos como a separação dos pais, oncologia infantil, separação de filha e pai, adolescência. A menina que semeava não é um livro sobre adolescentes comuns. É sobre uma que se deparou prematuramente com a ameaça do fim e teve de tentar aprender a lidar com ele.

Soube que a Novo Conceito iria lançar o livro de Lou Aronica no final do ano passado e desde então fiquei bastante curiosa com a mistura improvável de fantasia com sick-lit, que é um dos novos subgêneros do jovem adulto. A temática câncer em histórias costuma incomodar-me mais do que tudo porque já tive câncer, porém procurei superar esse detalhe e comecei a leitura pouco tempo após o livro ter chegado da editora. Lou Aronica nos surpreende com uma história criativa e contada de um ponto de vista inusitado, mas que cumpre bem seu papel e deixa uma bela mensagem no ar.

A história começa nos apresenta Chris Astor, um homem que tinha a vida perfeita até ter que enfrentar o tratamento de leucemia da filha. Lidando da melhor maneira que pôde o custo do apoio incondicional a filha foi o casamento. Chris ficou sem reação quando a mulher pediu para que saísse de casa e ainda hoje morando em um pequeno apartamento não acredita que se separaram. Para piorar Becky está crescendo e cada vez mais distante. As conversas que antes eram naturais ficaram mecânicas e nada de histórias sobre mundos fantásticos. Becky por outro lado se sente abandonada pelo pai, como ele pôde sair de casa daquela forma logo após ela ter entrado em remissão? Esse impasse dura até o dia que Becky cai no sono e acorda em Tamarisk, o mundo mágico que o pai havia criado para ela durante o tratamento do câncer. Becky não consegue acreditar que Tamarisk seja real e mesmo deslumbrada com o lugar percebe que nem tudo está bem por lá. O mundo está enfrentando uma praga que acaba dia após dia com as belas flores azuis de toda Tamarisk. A rainha Miea não sabe mais o que fazer quando nota que a presença de Becky em seu mundo causa um efeito sobre a praga. Enquanto isso no outro mundo Becky e seu pai nunca estiveram tão próximos quanto agora. Juntos eles tentam entender o mistério de Tamarisk, não só como o mundo se tornou real como a doença que devasta as flores. Porém nem tudo vai bem, Becky começa a desconfiar que a leucemia está de volta e dessa vez pode não ter saída para ela neste mundo...

Esse é o ponto de partida do enredo fascinante criado pelo autor Lou Aronica, que há anos trabalha com ficção científica, fato que transparece no livro. Seja na escrita cativante e convincente ou na beleza tocante da trama que enche os olhos do leitor com descrições precisas e uma ambientação vívida. A narrativa se alterna entre dois pontos de vista, o pai de Becky e a rainha Miea, além de ter uma pequena aparição de um terceiro e misterioso ponto de vista. A voz narrativa de ambos é carregada de beleza assim como a construção das relações entre os personagens do livro.

Lou Aronica surpreende o leitor com uma história mais do que bem escrita, com uma premissa criativa, muito bem construída e executada, personagens cativantes que marcam o leitor. O paralelo entre a doença de Becky e o mundo de Tamarisk é harmoniosa e a forma que o autor coloca a questão desse mundo surgido em uma hora de dor e sofrimento é fantástico. É delicado e belo, triste e arrebatador. Outro ponto que merece destaque é a opção do autor de colocar o pai de Becky na narração, ele já passou dos quarenta, sua visão da doença da filha e dessa inusitada situação que é ver o mundo que criou ganhar vida é tocante e tão cheia de surpresas quanto o próprio leitor diante do desenrolar da trama. O final do livro é um misto de esperança, beleza e sofrimento, a capacidade do ser humano de aceitar, adaptar e deixar ir.

Leitura rápida, que merece ser lida com tempo e que absorve o leitor com facilidade. Lou Aronica é um fantástico contador de história e conseguir mesclar realidade com ficção de maneira única, que pode parecer estranha em um primeiro momento, mas que funciona ainda melhor pela sutileza, estranheza da situação. Pela primeira vez senti que um autor conseguiu captar com fidelidade a fragilidade das relações de quem tem câncer com quem não tem, os sentimentos que a doença traz e causa. A edição da Novo Conceito está ótima, fonte boa e capa muito bonita. Adoraria ver a história adaptada, renderia um filme delicado sobre um tema triste. Recomendado a todos que procuram um jovem adulto diferente, um romance delicado e tocante que vai surpreender a todos. Leiam! Até mais!

22 comentários:

  1. Desde quando o livro foi lançado pela Conceito,fiquei muito curiosa em relação a história!
    Esses temas sobre câncer realmente são bastante difíceis e tristes,mas esse livro me conquistou de cara,a capa é bela e a sinopse nos convida a lê-lo.
    Esse livro está na minha listinha de desejados e espero que logo possa conhecer esse mundo tão encantador que é descrito no livro!!
    Bjs'

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  2. Eu não sabia que o livro tratava desse assunto. Imaginava que fosse algo mais focado na fantasia, mas ainda assim não perdi o interesse. Pelo contrário, estou ainda mais louca para ler.
    Ainda não li nenhum livro classificado como sick-lit e tenho muita curiosidade. Adorei a resenha :)
    Beijos

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  3. Nossa depois dessa resenha só confirma que eu quero lê-lo! Arrepiei-me quando vc disse que se superou, as irmãs da minha vô não conseguiram, e mesmo criança me lembro da tristeza que a trouxe.
    Que bom que a autora soube dar uma boa narrativa e pelo que percebi a história tem uma certa leveza. Que legal que é o pai que faz o papel de narrador.
    bjs

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  4. Não sou muito fã de livros com essa doença também, mas já li tantos que até...acho, superei. E vale a pena, a história ficou bem boa pelo que estou vendo. Já dá vontade de conferir s[o pelo gênero, essas misturas e uma boa trama ajudaram.

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  5. Ahhh eu estou namorando esse livro a um tempinho já..eu amo essa capa..tão linda e delicada *--*
    Ele já está minha lista, só esperando a vez dele chegar..rsrs. Ainda to terminando de ler a série dos Instrumentos Mortais (agora..já lendo Cidades das almas perdidas) e com certeza ele será uma das minhas próximas aquisições! Quero muito, muito ler A menina que semeava *--*
    Adoorei a resenha! Beijos

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  6. Esse tema realmente abala qualquer um, pois hoje muitas famílias o enfrenta. Eu já tinha lido algumas resenhas e vários comentários sobre ele e me interessei muito em ler o livro só que, até agora,isso ainda não se realizou. ($$$, rsrs)
    Gostei muito da sua resenha.

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  7. Eu fiquei namorando esse livro nas prateleiras da livraria pela bela capa. Quando eu li a sinopse eu fiquei em dúvida se comprava ou não, mas acabei optando pela segunda opção. Agora lendo a sua resenha eu me arrependo muito! A história parece ser muito mais bonita e encantadora do que eu havia pensado.
    Assim que eu tiver uma oportunidade comprarei esse livro.
    Não sabia que você já teve câncer, espero que esteja tudo bem! <3

    ;**

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  8. Esse livro é lindooooo e a sinopse é de tirar o fôlego.... Adorei sua resenha, você recomendou a leitura, e é claro que não posso deixar de ler :D
    Esse tipo de história, que tratam de doenças e tal é bem emocionante e difícil de digerir, mas faz parte da vida.
    Adorei a dica

    Beijo

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  9. Nossa, eu vi esse livro nos lançamentos da novo conceito, e ele me chamou tanta atenção, mas não sabia que era "tudo" isso que você disse. Me despertou curiosidade, agora quero ler... Mas são tantos! Cadê dinheiro, cadê? ... A capa é linda *-*

    Bjs

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  10. Ahhh,além do livro ter uma capa linda,tem uma história diferente e que parece que cativa.Achei bacana o enredo, onde a personagem,Becky, acaba no mundo antes imaginado e com o seu pai,Chris Astor,onde ambos acabam reconstruindo uma relação antes fria.Quero lê-lo, deve ter uma mensagem super bonita,sem dúvidas.Bjos :)

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  11. Esse livro está na minha lista de leitura, acredito que seja muito bom.
    Deve ser uma lição de vida.

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  12. Não estava com muita vontade de ler apesar da capa ser muito bonita, uma das mais bonitas da Novo Conceito, mas até que sua resenha me deixou com vontade, não sabia o que esperar, achei estranho misturar fantasia e câncer, mas pelo que disse pode ser muito bom, ainda mais que você entende do assunto e tal, ótima resenha! Abs!

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  13. Primeiramente gostaria de mencionar a bela capa do livro. A narrativa nos apresenta os personagens principais em cenas distintas, nos permite conhecer a rotina de cada um deles, seus desejos e problemas, e nos faz imaginar como essas vidas irão se cruzar e interagir durante a história.
    Mundo real, mundo imaginário… para o leitor esses dois mundos serão igualmente verdadeiros, pois os personagens nos dois planos são intensos e lutam por suas vidas. A autora soube retratar muito bem os dois universos inseridos na história. No mundo real o foco foram os relacionamentos familiares e entre amigos. No mundo imaginário ponto alto foram as peculiaridades da flora e fauna local, as diferentes paisagens e alguns hábitos. Ao ler a resenha tive a sensação de existir uma balança estável entre o drama e a fantasia deixando fluir tanto a reflexão quanto a imaginação.
    Acredito que a leitura é repleta de esperança, encantamento e amor.
    Own!
    Bjus

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  14. Adorei a resenha! Esse livro já tinha me chamado a atenção pela trama, mas estava meio na dúvida sobre o rumo da história. Não tinha lido nenhuma resenha até então...
    Gostei muito dessa mistura de ficção fantasiosa com realidade, e entrelaçada com a doença de Becky. O mais interessante é que é o mundo 'criado' pelo pai dela! A história parece ser encantadora!!! E não vemos por aí um foco maior nas relações de pai e filho(a). Doida pra ler! Tô vendo que vou chorar muito heheh

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  15. Não conhecia o trabalho do autor, mas assim que tive a oportunidade iniciei a leitura e me surpreendi completamente. A primeira experiência com um sick-lit não poderia ter sido melhor. Como você bem disse, o livro possui uma delicadeza encantadora e acima de tudo é emocionante. No fim a leitura gerou várias reflexões, que continuam mesmo após duas semanas. Só um livro tão bom conseguiria isso.
    Um ótimo livro, que também recomendo para todos.

    Parabéns pela resenha.
    Abraços!
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  16. Faz um tempo já que quero ler esse livro, sério. É o próximo depois depois de Saco de Ossos, tem que ser. haha

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  17. Eu ainda não li ao livro, mas ele parece ser muito bom, eu estou curiosa quanto a leitura espero poder ler em breve né, ainda mais com essa resenha que trás elogios ao livro.
    Beijos

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  18. Os sick-lits estão ganhando maior força no mercado editorial, não é? Confesso que tenho gostado muito do que tenho lido, sobre o tema. Por mais dolorosas que sejam as situações (como suicídio, transtornos alimentares, doenças crônicas, entre outras) é de certa forma um alerta pra sociedade. Nos faz enxergar com outros olhos. Quando soube desse lançamento, fiquei bem curiosa pra lê-lo. A proposta do autor me parece bem autêntica, mesmo, por mais que coloque o câncer envolto na premissa (que já é algo bem abordado). Gostei muito da sua resenha! Espero poder ler este livro logo.

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  19. Ultimamente têm sido publicados mais livros com histórias sobre o câncer...
    Essa ideia tem realmente dado certo, pois há grandes sofrimentos envolvidos quando se trata da ideia de se "estar morrendo".
    Há a captação da fragilidade e força dessas pessoas... E creio que Lou Aronica foi muito perspicaz ao mesclar tal tema com ficção fantasiosa, o livro deve ser realmente ótimo!
    Espero ler em breve!
    http://vanille-vie.blogspot.com/

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  20. Não sabia que o livro era tão bom assim, e agora realmente fiquei curiosa. Gosto de livros com temas que nos fazem pensar, e acho que o leria por conseguir mesclar a realidade com a fantasia.
    Câncer é um assunto delicado, e eu gostaria de saber como o autor escreveu sobre ele.

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  21. Achei a resenha muito boa, muitas pessoas estão me falando sobre esse livro e quero muito ler ele ♥

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  22. O título e a capa, que é muito bonita, me chamaram a atenção.
    Fiquei curiosa com essa mistura de fantasia e sick-lit, e também sobre o relacionamento familiar nesse livro. Isso também do autor (ou autora, sei lá) mesclar realidade com ficção de maneira única deve ter ficado muito bom.
    Ótima resenha!

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