17/09/2015

Resenha - Toda Luz Que Não Podemos Ver


Nome: Toda Luz Que Não Podemos Ver
No Original: All The Light We Cannot See
Autor (a): Anthony Doerr
Tradutor (a): Maria Carmelita Dias
Páginas: 528
Editora: Intrínseca
Comprar: Submarino - Travessa - Saraiva - Cultura
Sinopse: Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniat)ura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu.Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.Uma história arrebatadora contada de forma fascinante. Com incrível habilidade para combinar lirismo e uma observação atenta dos horrores da guerra, o premiado autor Anthony Doerr constrói, em Toda luz que não podemos ver, um tocante romance sobre o que há além do mundo visível.

Conheci o livro pouco depois de seu lançamento e desde então estava na lista de livros que não perderia de jeito nenhum caso lançado por aqui. Quando a Intrínseca anunciou seu lançamento em abril fiquei feliz e mais ainda quando um exemplar do livro chegou de surpresa da editora. Toda Luz Que Não Podemos Ver é um daqueles raros livros que merece toda a atenção que anda recebendo da mídia pelo mundo, mais do que o vencedor do Pulitzer de ficção, mais do que uma bela história situada na Segunda Grande Guerra, o livro de Anthony Doerr é um singular lembrete do que devemos valorizar e da capacidade do ser humano tanto para o bem quanto para o mal. Conheçam essa inesquecível história.

Logo no começo somos apresentados as frentes da história em um ponto adiantado, Marie-Laure, a garota cega sozinha em meio ao bombardeio, Werner, o jovem soldado alemão lutando para sobreviver ao mesmo ataque para em seguida voltarmos ao começo. Antes da guerra, Marie-Laure a menina que tão cedo ficou cega vive com o pai, um talentoso chaveiro que trabalha no Museu durante o dia e à noite constrói com cuidado uma réplica em miniatura do bairro onde vivem para Marie-Laure poder conhecer e circular sem dificuldades e na Alemanha, numa pequena cidade mineradora Werner e sua irmã moram no orfanato de Frau Helena, francesa radicada na Alemanha. Werner logo cedo mostrou inteligência e quando encontra um pequeno rádio seu destino muda, aos poucos o garoto desmonta, remonta e melhora o rádio, ouvindo cidades longínquas e sonhando. Quando a guerra se aproxima tudo fica difícil, Frau Helena esconde seu sotaque, livros são proibidos e na França Marie-Laure vê o museu que tanto ama esvaziar, artefatos sendo levados e escondidos, quando o pai decide partir em meio à confusão ela não imagina o segredo que ele carrega consigo. Quando Werner é chamado para consertar o rádio de um oficial sua vida muda de curso. O destino dois nunca esteve tão distante e ao mesmo tempo conectados. Numa sucessão de eventos tudo terminará em Saint Malo.

É a partir dessa premissa que a narrativa se desenvolve. Anthony Doerr atinge extremos opostos em sua narração ora com delicadeza ora com uma crueza visceral o autor nos guia por sua história única. A narrativa é alternada entre os personagens principais, com maior destaque para a voz narrativa de Marie-Laure e Werner, e através deles conhecemos faces da guerra pouco exploradas. É difícil depois de 70 anos existir um ponto de vista sobre a Segunda Grande Guerra que ainda não fora explorado na literatura, mas Doerr conseguiu isso ao aliar uma prosa sensível, com um toque de sonho e mito ao lado de uma visão tão triste e crua no lado "inimigo".

Werner é a síntese de grande parte dos jovens alemães daquela época. Sem dinheiro ou perspectiva de futuro, órfão e perdido em meio a mudanças bruscas que graças ao seu talento natural para números e rádios consegue entrar em um dos colégios de preparação do Reich. Lá Werner muda, cresce, mais do que enxergar o lado oposto fica perdido diante do mundo a sua volta. Enquanto isso Marie-Laure tem um mundo próprio, cega quando criança cresce na barra da calça do pai e vê a guerra levá-lo de maneira tão inesperada. Em seu próprio mundo não perde a noção da realidade e sua atitude diante do mundo é única, de uma perseverança diferente. Através deles somos jogados diante de questões que muitos nunca pensaram e outros procuram evitar. O porquê da guerra, sua injustiça, sua crueldade, seu despropósito, quem eram aquelas pessoas que morreram na guerra e/ ou pela guerra. Será que não somos iguais ou piores aqueles que ao fim de tudo disseram "eu estava obedecendo ordens"?

Leitura única, tocante, envolvente e instigante. Fiquei arrasada por Marie-Laure, e sem palavras por Werner. Impossível não pensar em tantos que se perderam e em tudo que ficou apenas na memória de quem viveu tal época. Hoje tentamos imaginar, tentamos sentir, mas jamais saberemos. A edição da Intrínseca está perfeita, tradução, fonte e adaptação da capa. Espero que se sair uma adaptação para o cinema seja benfeita. Recomendo a todos sem exceção. É uma bela história, que vai além do certo e do errado, da perda e dos dramas da Segunda Grande Guerra. Leiam e se surpreendam! Até mais!

Um comentário:

  1. Histórias ambientadas na segunda guerra, sempre me conquistam, me emocionam e me tocam, pela resenha percebi que essa é mais uma delas, amei sua resenha e quero o quanto antes conhecer a história de Werner e Marie-Laure

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