24/08/2014

Resenha - O Condado de Citrus


Nome: O Condado de Citrus
No Original: Citrus County
Autor (a): John Brandon
Tradutor (a): Gustavo Mesquita
Páginas: 288
Editora: Galera
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: A Flórida do condado de Citrus não se parece em nada com aquelas imagens de televisão, com um clima convidativo, coqueiros e surfistas. Shelby Register, de quatorze anos, se muda para a cidade com cheiro de pântano com seu pai e irmã após a morte da mãe. Talvez a única coisa que a interesse seja o tal Toby McNurse, um delinquente sem cura que cumpre suas dezenas de detenções acumuladas. Já Toby não vê sentido na vida, nas paixões dos adultos, nas diversões dos amigos. Só sabe, em seu âmago, que está em seu destino fazer o mal. E ao observar as angelicais irmãs Register, sabe que o chamado de sua alma está prestes a ser atendido.

Quando solicitei o livro não imaginei que iria encontrar uma história tão diferente e que consegue perturbar o leitor ao mesmo tempo que nos deixa confusos. Ainda não sei bem se o livro é mais do que bom. A história se desenrola em um cenário imersivo e sufocante, úmido e quente. John Brandon narra sua história de forma única, apresenta personagens estranhos, controversos, mas que mantém o leitor preso até o fim. Conheçam e entendam.

A história apresenta Toby, Shelby e o Sr. Hibma, três vozes narrativas distintas que constroem em três partes uma trama cheia de estranheza. Toby vive com o tio no meio da mata que cerca a cidade, sozinho vaga pela cidade e pela mata de um jeito indolente, não liga para nada e nem se prende a ninguém, sabe que é melhor do que o condado de caipiras a sua volta, está sempre entediado e sabe que está destinado a algo maior, ele não sabe o quê. Quando Shelby chega a cidade com sua irmã e pai, Toby automaticamente odeia a garota e sua atitude segura, de quem sabe o que está fazendo e sabe seu lugar no mundo. A vida de Toby muda quando ele encontra Shelby e sua irmã Kaley no balanço, ele fica hipnotizado pela irmã dela no balanço e sente que chegou sua hora. Enquanto isso, na escola o Sr. Hibma abomina a si mesmo, a suas decisões e ao condado onde veio morar. Ele odeia os outros professores, a indolência dos estudantes e a mente pequena de todos, odeia o que virou. Acompanhamos esses três personagens. Depois que Toby faz o que faz, que a irmã de Shelby é sequestrada, tudo parece mudar. Porém com o passar das semanas Toby percebe que nada mudou, que continua infeliz com sua vida, que continua preso e pequeno, ninguém ainda enxergou o que ele é, que ele é melhor e mais do que todos. Enquanto Shelby passa pelo choque de ter a irmã sequestrada de forma mais diferente ainda, andando atrás de Toby, tentando compreendê-lo enquanto tenta mudar a si mesmo.

É a partir dessa estranha premissa que a história acontece, digo acontece porque é essa a impressão que tive, a história não se desenvolve, ela acontece. Em um momento conhecemos Toby e os demais personagens, logo a frente somos confrontados com suas ações e daí para o fim pouco realmente acontece. O que temos é um trio de personagens que se analisa do início ao fim, o tempo todo a narrativa acompanha os pensamentos dos três e a vida dos três no condado mais úmido, quente e caipira da Flórida. Com temas que vão de insatisfação pessoal, consciência, medos, ostracismo a descoberta de si próprio, o autor apresenta uma história única e inusitada, que deixa o leitor sem saber o que pensar.

Os três personagens centrais apenas pensam em fazer, Toby começa, mas não sabe como terminar, e percebe que talvez não esteja destinado a fazer o que ele fez. É um tanto confuso o encerrar da história porque queremos saber como termina o assunto entre Toby e Shelby, mas não podemos. O autor parou antes e adoraria ver como seria uma conversa entre eles. Se alguém um dia vai notar o que realmente aconteceu. É uma história de escolha e a sensação que fica é que a trama toda se passa em uma encruzilhada, a encruzilhada de Toby, Shelby e Sr. Hibma.

A leitura é fluida e rápida, mas trava o leitor durante várias passagens porque não sabemos como reagir ao que estamos lendo. É estranho, sufocante e tenso, queremos gritar com os personagens, principalmente com Toby, enchê-lo de perguntas e vê-lo sem ação, John Brandon pegou leve com o próprio personagem e espero que um dia ele volte em outro livro só sobre Toby anos depois de tudo que aconteceu. A edição da Galera está ótima, fonte boa, ótima escolha de capa e tradução. A história renderia um filme estranho, mas que se bem desenvolvido poderia ser um dos melhores filmes jovens dos últimos anos. Recomendo a todos que querem algo novo, perturbador, mas irritante, que prende e leve o leitor a pensar na história, diferente por motivos impossíveis. Leiam e entendam. Até mais!

5 comentários:

  1. Oiee.
    Sério que o livro é assim tão...intenso?
    Achava que era só mais um livro voltado pra o público jovem mas sem muitas emoções, sua resenha mostrou que além de ser recheado de emoções, das mais variadas, também é um livro pra toda faixa etária.
    Gostei, pretendo lê-lo com certeza.
    Bjokas!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Min!
    Eu não fiquei curiosa com esse livro por causa que você disse isso sobre a história ser estranha, sei bem como é isso, já li alguns livros assim, e odiei. Acho que é uma característica desse tipo de livro, pois também queria uma continuação ao terminar, saber como é a vida dos personagens depois disso.
    Boa resenha! Bjs!!!

    ResponderExcluir
  3. Oii, já gostei do Toby hehehe. Gostei muito do livro apesar de não ter achado a capa muuuito boa não. Mas como não julgo o livro pela capa adoraria lê-lo.

    ResponderExcluir
  4. Que capa linda! Parabéns pela resenha!

    ResponderExcluir
  5. Coisa mais linda essa Galera, sempre títulos que parecem valer a leitura!
    Pude perceber que o livro desperta várias emoções no decorrer da leitura, isso é sensacional!

    ResponderExcluir

Respeito é bom e eu gosto.
Não use palavras grosseiras, seja educado.
O blog é um lugar amigável, aja de acordo.