29/04/2014

Resenha - Passarinha


Nome: Passarinha
No Original: Mockingbird
Autor (a): Kathryn Erskine
Tradutor (a): Heloísa Leal
Páginas: 224
Editora: Valentina
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: No mundo de Caitlin, tudo é preto e branco. Qualquer coisa entre um e outro dá uma baita sensação de recreio no estômago e a obriga a fazer bicho de pelúcia. É isso que seu irmão, Devon, sempre tentou explicar às pessoas. Mas agora, depois do dia em que a vida desmoronou, seu pai, devastado, chora muito sem saber ao certo como lidar com isso. Ela quer ajudar o pai - a si mesma e todos a sua volta -, mas, sendo uma menina de dez anos de idade, autista, portadora da Síndrome de Asperger, ela não sabe como captar o sentido. Caitlin, que não gosta de olhar para a pessoa nem que invadam seu espaço pessoal, se volta, então, para os livros e dicionários, que considera fáceis por estarem repletos de fatos, preto no branco. Após ler a definição da palavra desfecho, tem certeza de que é exatamente disso que ela e seu pai precisam. E Caitlin está determinada a consegui-lo. Seguindo o conselho do irmão, ela decide trabalhar nisso, o que a leva a descobrir que nem tudo é realmente preto e branco, afinal, o mundo é cheio de cores, confuso mas belo.

Quando a Valentina lançou o livro no ano passado fiquei bastante curiosa para ler por causa do tema. Síndrome de Asperger é um tema visto principalmente sobre a ótica adolescente e adulta e Kathryn Erskine vai além dessa barreira trazendo uma protagonista de dez anos de idade cuja família e comunidade acaba de passar por evento traumático, violento e injustificado. E é nesse clima de perda que a autora desenvolve uma história bela e profunda. Conheçam Passarinha.

Caitlin tem dez anos, é extremamente inteligente e acaba de perder o irmão mais velho, Devon, que morreu quando a escolha onde estudava foi atacada por um aluno, que atirou e matou várias pessoas. Depois disso Caitlin ficou sozinha com o pai, que tenta não chorar perto dela, mas sofre e sua cara feliz nunca mais apareceu. Para Caitlin o mundo é um sistema, onde ela precisa aprender a captar o sentido de tudo e todos para sobreviver. Caitlin não gosta de emoções, são confusas, e Caitlin não gosta de coisas confusas. Ela ainda não conseguiu expressar a perda de seu irmão e agora com a Sra. Brooks, a terapeuta do colégio, insistindo que ela precisa fazer amigos Caitlin se sente desconfortável o tempo todo. Quando ouve no telejornal que o caso do atirador chegou a uma conclusão que permite um desfecho para todos Caitlin não consegue entender como esse desfecho resolve as coisas e ao buscar o significado da palavra no dicionário percebe que precisa de um. Caitlin não sabe onde encontrar um desfecho. Lidando com os problemas do colégio e a tristeza do pai, percebe que a resposta está em Devon e quando menos espera Caitlin terá algo concreto para trabalhar. Sendo forte como o pai foi ao aceitar sua ideia, Caitlin decide que é hora de tentar.

É a partir dessa premissa que a história se desenvolve. Não quis colocar muitos detalhes no parágrafo acima para não estragar a surpresa. A história de Caitlin foi escrita para ser descoberta, página a página, emoção a emoção. A narrativa de Erskine consegue captar com precisão e sensibilidade a visão de uma garota de dez anos e Asperger, sem exagerar no tom, com delicadeza e perspicácia a autora nos apresentou uma garota inteligente e única, que com sua visão do mundo nos ensina mais do que poderíamos imaginar.

Caitlin não possui tato social e por isso não entende diversas situações e comentários. Sua falta de habilidade de interpretar expressões, metáforas e simples gestos acaba gerando conflitos que ela nem sempre entende. A sinceridade da personagem diante disso é cativante. Impossível não ficar apaixonado pelas atitudes de Caitlin e não torcer por ela. E é em meio a situações diárias muitas vezes estressante que ela lida com a morte do irmão e a mudança em sua família. A autora acertou na forma que escolheu falar da morte e da violência no livro. Ficou suave, mas ao mesmo tempo muito triste e tocante. O fim foi mais do que um desfecho, foi um novo começo, uma nova fase para Caitlin, que conseguiu avançar um pouco mais no entendimento das pessoas ao seu redor.

Leitura rápida, cativante, que emociona e edifica quem lê. Kathryn Erskine possui uma escrita delicada que foi cuidadosamente traduzida, sem perder seus mais belos toques. Ao final me vi torcendo para saber o que viria a seguir. A edição da Valentina está ótima. Uma capa muito bem escolhida, com detalhes bonitos e uma diagramação ótima. Assim como a tradução que já comentei. Uma história que renderia um daqueles filmes fortes e inesquecíveis se adaptada. Recomendado a todos sem exceção. Jovens ou não. A história de Caitlin vai ensinar a você, vai emocionar e tocar. Leiam e se surpreendam! Até mais!

8 comentários:

  1. OI Yasmin :)

    Primeiramente parabenizo-a pela resenha. Estou muito interessado nesse livro, principalmente devido ao tema pouco explorado por grande massa leitora e populacional. Beijos!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  2. Realmente parece ser uma leitura edificante, bela e profunda! Me interesso muito por esse tema e acho que nunca li algum livro que tratasse sobre o assunto. Com certeza lerei!!!

    Beijinhos!!

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  3. Estou louca para ler "Passarinha". Ainda não li nenhuma história que tivesse como o tema o autismo e acho que seria interessante ler.

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  4. O título nesse livro me chamou a atenção. Meio estranho, mas gostei!
    Tenho três sobrinhos com autismo e acho que isso vai me fazer aprofundar na leitura.
    A capa é chamativa. Gostei da resenha!

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  5. Oi, tudo bem?

    Gostei da premissa desse livro e, além disso, ele me atraiu por ter um titulo quanto atípico rsrs. A trama me pareceu ser bem profunda e gostei disso.

    Abraços,
    Gustavo Demétrio
    VIDA DE LEITOR - vidadeleitor.blogspot.com.br

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  6. Ganhei esse livro, mas ainda não li! Se soubesse que era tão bom já tinha lido há mais tempo. O tema é novo em livros aqui no Brasil, devia ter mais, é importante conhecer esse lado, ver de dentro, sua resenha me deixou bem interessada, o livro é lindo mesmo, vou ver se leio logo! Ótima resenha! Bjs!

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  7. Li esse livro e me emocionei muito, simplesmente demais a forma como a autora fala sobre o autismo. Recomendo!

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  8. Eu tenho o livro mas acho que vou chorar com ele e acabo deixando pra depois rs, que bom que a tradução ficou ótima, pois um livro dramatico com a tradução ruim, acaba com a historia.
    Ainda não sei ao certo o que este sindrome quue ela tem, e perder um irmão nesta idade da forma que foi, é um tema que tem muito espaço para ser trabalhado, pretendo le lo em breve. beijos.

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