19/03/2014

Resenha - Antes de Morrer


Nome: Antes de Morrer
No Original: Before I Die
Autor (a): Jenny Downham
Tradutor (a): Fernanda Abreu
Páginas: 296
Editora: Agir
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Tessa Scott tem 16 anos e os mesmos desejos e inseguranças de outras meninas de sua idade. No entanto, ela experimenta a dura realidade de enfrentar a proximidade da morte, quanto ainda se é tão jovem. Diante de seu imutável destino, ela organiza uma lista com o que gostaria de fazer antes de sua morte e parte em busca de realizá-la: se apaixonar, ter a primeira relação sexual, dirigir escondida, roubar coisas numa loja... viver o tempo que resta. Um tema doloroso, passado com leveza e doçura, em um texto verdadeiro e tocante, sem ser piegas. Uma personagem verdadeira e corajosa, com a sensibilidade de quem vive cada instante podendo ser o último.

Faz muito tempo que queria ler a história de Jenny Downham, mas o livro foi lançado em 2008 e desde então está indisponível. Para piorar nunca tive coragem de trocar no Skoob com medo de o livro ser velho e/ou acabado. Porém finalmente no fim de semana consegui um exemplar emprestado e para minha surpresa em pouco mais de uma hora terminei de ler. Jenny Downham apresenta uma história nua e crua, diferente de tudo o que já li com o tema e isso deveria servir de modelo para certos autores de como escrever sobre câncer.

Tessa tem 16 anos e está ficando sem opções no tratamento da leucemia. Ela já não se engana mais e nos quatro anos que vem lutando contra a doença o mais frustrante não foram as remissões que deram falsas esperanças, ou a mãe sair de casa do um homem diferente, mas sim a triste e corrosiva certeza de que vai passar a vida em branco. 16 anos e nunca saiu com um garoto, 16 anos e nunca aproveitou uma festa até de manhã, e nunca teve uma ressaca de tanto beber. Tessa está cansada da mesma rotina de exames, fraquezas e internações. E numa noite de sábado decide que vai aproveitar o tempo que lhe resta fazendo tudo o que quiser. Ela sabe que vai morrer e antes precisa completar a lista, saber que fez algo, que não passou apenas por hospitais e remédios. Tessa quer transar, quer beber, e dizer sim um dia inteiro, ela quer roubar algo, dirigir mesmo sem ter aprendido e quer ficar famosa. Mas o tempo de Tessa é mais curto e imprevisível do que todos imaginaram. E parece até uma piada cruel do universo que tão perto da morte Tessa encontre amor, amizade e tantas alegrias. Mais vale fazer seu curto tempo valer a pena ou é ainda pior aproveitar esse tempo que lhe resta?

É a partir desse ponto que a autora construiu sua história. Uma narrativa simples, objetiva, com um toque leve e que emociona por ser quase um testemunho. Downham conseguiu contar a história de Tessa de maneira bonita, mas sem ser mórbido. Em diversas passagens a sensação era de que estávamos do outro lado da rua assistindo a tudo ou ainda ouvindo uma pessoa contar a história de alguém. Os últimos dias, meses de uma garota que chegou ao fim da linha contra o câncer. A voz narrativa de Tessa funciona perfeitamente, não limita a história e ainda ganha tom e riqueza por seu humor e visão nua, crua da vida.

Eu já tive câncer e em diversos momentos me identifiquei com o pensamento e a visão de Tessa. Quando estava desenganada pelos médicos, apenas esperando morrer, com 15 anos, tive impressões parecidas com a dela sobre o mundo e o pior, como era ósseo nem podia tentar aproveitar meus últimos dias. Por sorte ou bom humor do destino eu sobrevivi e ao acompanhar capítulo a capítulo uma história tão vívida com o outro destino de quem tem câncer fui chacoalhada por lembranças. Foi uma experiência única, por mais simples que seja, a autora conquista o leitor com o preto e o branco. É visceral e triste a realidade do livro.

Leitura rápida, que cativa logo nos primeiros capítulos e emociona o leitor página a página. É assim que se conta uma história sobre câncer na adolescência. O fim não precisa ser o trágico, mas o tom, a emoção, a realidade tanto física quanto emocional de quem tem câncer é exatamente essa. As cenas no hospital, as decaídas, em cada detalhe. John Green poderia ter uma aula com a autora sobre histórias realistas, fiéis e que não fazem pouco do paciente real. A edição da Agir está muito boa, só não acho que a capa faça jus a história. Recomendado a todos, desde jovens até adultos. Uma história sem meios-tons, realista bela e marcante. Leiam! Até mais!

9 comentários:

  1. Já li esse livro e amei, é um dos meus favoritos e concordo contigo que é vezes melhor que o do John Green, mais realista e causa mais emoção, gostei do que falou sobre ter câncer, sincero e concordo também, o livro é muito bom e mesmo diferente de ler. Gostei da resenha, quase ninguém resenha ele mais.

    Beijos!

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  2. Gosto muito de livros que falam sobre pessoas com doenças graves, já li alguns.
    Esse livro parece ser bem legal e acho que vou fazer também uma leitura rápida!
    Ótima resenha!

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  3. Simplesmente comovida com a sua resenha . Parabéns !
    Ainda não li nenhum dos dois livros citados, mas tenho ACEDE na minha estante. E estou louca para poder conhecer a história de Tessa, apesar que pelo visto irei encontrar dificuldades para obte-lo. Mas estou curiosa com que posso encontrar na leitura .
    Beijos,
    http://migre.me/huvJU

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  4. Gente... Essa moça da capa me lembra muito a Miranda Otto, que deu vida ao meu 3º personagem favorito de O Senhor dos Anéis, Éowyn <3

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  5. Daquele que com certeza vou ler e chorar.
    Bjs, Rose.

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  6. Normalmente não gosto de histórias de doenças, mas essa parece ser diferente de algum modo. Não se tratando realmente de doença mas sim sobre aproveitar a vida. Então acho que mesmo com esse meu preconceito, eu leria.

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  7. Um daqueles para chorar litros enquanto lê, parece muito triste, mas fiquei curiosa para ler, meio mórbido não? Pena que não acha mesmo, se é melhor que ACEDE já ganhou meu coração, preciso ler logo. Ótima resenha! Abs!

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  8. Quando lançou A Culpa é das Estrelas e eu li fui atrás de livors do tipo e achei esse, mas nunca consegui comprar, nem em sebo, e também não encontrei online para baixar, nada, não encontro em lugar nenhum e foi o máximo ver a resenha dele, quase ninguém fala dele quando fala de personagem com câncer e é uma pena porque só de ler a resenha já to mais emocionada do que estive lendo A Culpa. Amei a resenha, Beijos!

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  9. Não gosto da capa não, mas a história chamou minha atenção, deve ser muito triste, mas até que história triste de vez em quando faz bem. A resenha passa isso e gostei. Vai para lista quem sabe leio um dia. Bjo para ti!

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