20/02/2014

Semana Esther

Olá! Como vai o dia? A Intrínseca está realizando durante esses dias a Semana Esther, um especial sobre o livro "A Estrela Que Nunca Vai Se Apagar" que foi lançado em janeiro e é uma espécie de diário de Esther Earl Grace, a garota que inspirou John Green a escrever seu famoso best-seller A Culpa é das Estrelas. Esther foi diagnosticada com câncer de tireoide em 2006 e com 16 anos faleceu em 2010. Amiga do autor, fã dos seus livros, Esther lutou contra a doença de forma ativa e sua história correu o mundo após o sucesso do livro do John Green. Confira um pouco sobre o livro e algumas passagens do livro:







Memórias, Lembranças e Pensamentos

Eu não tenho muito o que falar sobre o livro, até porque é estranho lembrar de uma pessoa que faleceu de câncer. Muitos leitores que acompanham o blog sabe que fui diagnosticada com câncer ósseo no dia do meu aniversário, 27 de dezembro, em 2006 também. E fiquei a beira de morrer em junho de 2007 quando uma cirurgia radical era a última alternativa. Uma cirurgia de mais de 18 horas que nem os médicos acreditavam que iria dar um resultado positivo. O médico após a cirurgia até chorou quando teve a confirmação que funcionara. Segundo ele se não tivesse funcionado eu teria menos de uma semana de vida. Ficar a beira da morte é estranho, perder amigos e uma vida inteira para a doença é terrível. O câncer ósseo não deixa a pessoa continuar a viver. Foi na lombar, no fim da coluna, e é tão raro, tão raro que os médicos custaram a identificar o que tive. Depois de diversos erros médicos, quimioterapia e radioterapia atoa, tive de ouvir de um médico que deveria ir para casa, tomar meus analgésicos e esperar a morte. Foi a pior coisa.

Voltando um pouco, quando o primeiro médico me disse que eu tinha um tumor, que eu estava com câncer, eu ri. Sabe aquele riso leve, solto, puro e desacreditado? Eu não acreditei, eu ri e depois fiquei em choque. Com três meses eu parei de andar, gritava de dor e todos se afastaram. Um a um as pessoas sumiram. Câncer não é bonitinho, pessoas com câncer não são lutadoras e merecem condescendência. Câncer é amargo, é duro e endurece quem o tem. O que as pessoas confundem com força, é resiliência. Esther foi resiliente, é assim que jovens lidam com o câncer. Não é força, não é vontade de viver, é aceitação. E é o pior sentimento que podemos experimentar, é aceitar o pior momento de sua vida, aceitar as dores, as injeções, os tratamentos e as caras de pena das pessoas quando nos olham, sabendo que vamos morrer em breve. Quantas caras de pena tive que aguentar, quantas caras de dó e de "você vai melhorar".

Até hoje não sei porque sobrevivi e até hoje quando leio sobre o assunto meu estomago revira. Quando vejo esse livro e quando li do do John Green algo incômodo se revirou na minha memória. Não é bonito lembrar demais, as pessoas veem o livro e reagem errado. "Ah que bonitinho, que lutadora ela foi", Errado. Você deveria ver o livro e pensar no medo que ela sentiu, na dor que ela sentiu e no que ela perdeu. Nunca vou esquecer o sentimento de ouvir a fatídica frase. Nunca vou esquecer o clima gelado do consultório, nem a cara de pesar do médico, nunca vou esquecer o calor que estava no carro enquanto voltava para casa e nem o gelado que bateu quando as palavras me atingiram. Nunca vou esquecer o que estava sentindo nos últimos dias que antecederam a cirurgia que tinha 99% de chance de dar errado. Nunca vou esquecer o sentimento de acordar e saber que a qualquer momento podia estar morta. Não vou esquecer o sorriso do médico que me operou e nem as lágrimas quando ele disse que deu certo. É algo que fica para sempre e é por isso que não gosto de ver nada que me lembre de câncer. Porque é como mágica, você escuta a palavra e as memórias voltam de uma vez, como uma avalanche ou uma enchente que chega destruindo tudo. Espero que você leia os livros e siga em frente e jamais precise saber o que é isso.

A Estrela Que Nunca Vai Se Apagar - 448 páginas
Ela me faz lembrar que uma vida curta também pode ser uma vida boa e rica, que é possível viver com depressão sem ser consumido por ela e que o sentido da vida está na união, na família e nas amizades que transcendem e sobrevivem a todo tipo de sofrimento." As palavras são do autor John Green, que era amigo de Esther e escreveu a introdução. A amizade dele com a adolescente foi tão intensa que a história dela serviu de inspiração para o aclamado A Culpa é das Estrelas, publicado pela Intrínseca em julho de 2012. Desde nova, Esther gostava de escrever cartas e diários, e, durante o tratamento contra o câncer, mantinha uma rede de amigos on-line - alguns deles membros da comunidade  chamada Nerdfighteria, criada por John Green e seu irmão, Hank, em que jovens discutem sobre livros e ideias para tornar o mundo um lugar melhor. Os irmãos famosos postam regularmente vídeos no YouTube sobre assuntos variados, mas sempre pertinentes ao universo jovem. Quando estava muito debilitada, Esther realizou o desejo de passar um fim de semana na companhia dos amigos, e, com a ajuda da instituição sem fins lucrativos Make-A-Wish, ela, John e um grupo de adolescentes viveram momentos de descontração e emoção. O encontro aconteceu em Boston, em julho de 2010. Em agosto do mesmo ano, logo após seu 16º aniversário, Esther faleceu.

Por hoje é isso! Quem quiser mais tarde vai ter sorteio do kit do livro. Até mais!

20 comentários:

  1. É um daqueles livros que vou ler e me afogar em lágrimas, com certeza.
    Bjs, Rose

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  2. Não conhecia sua estória e já me emocionei. Acompanhei familiar com a mesma doença e percebi o quanto é terrível, não existe mesmo nada "bonitinho". É um tópico muito forte, que resgata mesmo muitas emoções doloridas.

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  3. Ai Yasmin, eu estou to no trabalho, e graças, sozinha. Pq lendo seu post eu derramei aquelas lagrimas que veem sem querer, quando a gente fica tocada. Belas frases as da Esther, é estranho ver a história de alguem que se perdeu. Um conhecido faleceu esses tempos de leucemia, é estranho pensar na fragilidade da vida. Como a gente pode estar bem e do nada tudo se perde. Eu penso nas coisas que faço, deixo de fazer, sempre achamos que teremos tempo e a vida as vezes nos dá esses golpes. Fico feliz que vc tenha se recuperado e tudo isso tenha ficado pra trás, mesmo que ainda faça parte de vc.
    adorei a semana da Esther e as postagens que estão rolando.
    um abraço!
    Pan
    Pan's Mind - [Momento Cultural #4] Steampunk Culture!

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  4. Sei o que essa doença pode trazer a família, não sofri com ela,mas uma pessoa da minha casa já e sei o quanto de sofrimento e vulnerabilidade pode existir.Graças a Deus ela se curou e fico muito feliz por você também ter se curado Yasmin.
    Adoraria ler esse relato da Esther, não imagino o que ela passou,mas sei que ao ler suas palavras conheceria um pouco mais dessa jovem que fez muitas pessoas se emocionarem!
    Bjão!!!
    :D

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  5. Toda a doença nos ameaça, nos dá medo, nos deixa fracos, sei como é isso, sei o que é sentir dor e querer que tudo pare por mais que saiba que deixará as pessoas sofrendo, em um momento você só quer ter paz e descanso.
    Acredito que livros assim nos mostram a realidade das coisas, que existem pessoas sofrendo, passando coisas que as vezes nem conseguimos imaginar, quero ler as palavras de Esther e de seus pais e me emocionar sim, para mostrar como apesar de tudo, temos o mínimo de força para aguentar e sorrir por poucos instantes, que são capazes de salvar nossas vidas.

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  6. "máquinas de oxigênio" "[...] tirar todo o câncer" ai meu emocional ):
    Lendo essa postagem me fez ver certas coisas de outro modo.. É aquela coisa clichê que enquanto eu estou aqui, normal, reclamando de tudo e tal, tem pessoas com mais problemas que eu e, algumas, nem reclamam... Eu, sinceramente, tenho muito medo de ter câncer, tenho medo que se um dia eu tiver, como irei receber a notícia, como a mesma será dada, se meus amigos continuaram comigo e tudo mais.. Minha vó morreu em 2011 e desde então eu tenho esse medo... Meu emocional ficou bastante abalado com essa sua postagem...
    Quero muito ler o livro, espero, ainda esse ano, ter chance.

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  7. Acho que as pessoas em geral não tem noção da tristeza que essa doença pode causar à pessoa que a tem e às pessoas que estão ao seu redor. Perdi uma tia muito querida graças à um câncer pulmonar que se espalhou para todo o corpo, e em menos de um ano nós a perdemos. A dor de perder um ente querido para uma doença horrível como essa é imensurável, mas isso nos ajuda a ser fortes e aumentar nosso "nível de resiliência". Não consigo chorar com esse tipo de história, nem achar fofo, nem muito menos lindo, só consigo pensar e me comover internamente com ela.
    Espero ter a oportunidade de ler esse livro, saber como foi a luta de Esther e compartilhar com seus pensamentos, suas dores e me emocionar.

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  8. Adoro esse tipo de livro, nos faz refletir sobre a vida.
    Quero mto ler ele
    beijos

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  9. Nossa, só de ler esse post já fiquei de coração partido, é tão triste pensar que ela poderia estar ainda viva e feliz (sem doença claro), mas fazer o que, é a vida.. Esse é o tipo de livro que com grande impacto muda muitas vidas e dão uma boa dose de realidade. Não li ainda, mas acho isso. :c

    Até breve,
    abraço

    http://decaranasletras.blogspot.com.br/

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  10. A história dessa moça é muito emocionante, é incrível a sabedoria e coragem que ela adquiriu com tão pouco tempo de ideia, é uma historia q eu definitivamente quero ler e sei q vou me emocionar!

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  11. Esse livro parece ser bem interessante e triste. Se ler acho que vou ficar com aquela sensação: "chocante!"
    Também tive essa sensação quando li sua história. Foi mesmo um milagre!

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  12. Mds, que triste, acho que vou chorar litros lendo

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  13. Não sabia dessa sua história, Yasmim!!!! Que bom que você está aqui viva, com saúde, e nos contando essa péssima experiência. Que bom que ficou no passado.
    Tive a oportunidade de ler "ACEDE" e gostei bastante da narrativa do Jonh Green. Gostaria de ler esse que conta a trajetória de Esther também.

    @_Dom_Dom

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  14. Para mim, ler esse tipo livro sem se sentir envolvida, sem sentir vontade de ser uma pessoa melhor e viver a vida da forma mais incrível possível, não faz sentido. Não consegui comprar ainda, mas está na minha lista de leituras. Fico pensando... se ela sabia que o diário dela ir ser usado assim? Tipo, em parte não é meio tenso ler o diário de alguém? o.õ

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  15. Não sabia da sua história e estou emocionada com o que você escreveu, não sei nem o que dizer. Quero muito ler o livro da Esther, mas não sei como vou reagir agora pensando por esse outro lado. Ótimo post. Abraços!

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  16. Conheci seu blog agora, amei tudo o que você posta e estou surpresa com sua história, incrível sua força e tudo, parabéns pelo blog e por tudo. Beijos. Camis

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  17. Tenho muita vontade de ler esse livro, apesar de não ter me apaixonado por A Culpa é Das Estrelas. Quando passei na frente da livraria e vi A Estrela Que Nunca Vai se Apagar fiquei com muita vontade de levar pra casa...

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  18. Triste sua história e é preciso força para falar disso, quero muito ler o livro da Esther, não faço ideia de como é, e nem quero fazer, parece egoísta dizer isso, mas é verdade e sua história me ajudou a ver isso, precisa sinceridade mais do que mentira essa doença, adorei o post e sua sinceridade. Bjo!

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  19. Que triste ambas as histórias, não consigo lidar bem com a tristeza dessa forma e acho que não aguentaria muito se fosse comigo, quero muito ler o livro por causa da história por trás de tudo entende? Adorei a forma que fez o post, sincero e bonito como alguns comentários disseram. Bjo para ti!

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