23/07/2013

Resenha - Minha Irmã Mora Numa Prateleira


Nome: Minha Irmã Mora Numa Prateleira
No Original: My Sister Lives On The Mantelpiece
Autor (a): Annabel Pitcher
Tradutor (a): Domingos Demasi
Páginas: 232
Editora: Rocco
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: Jamie Matthews tem 10 anos de idade e uma família desintegrada por uma tragédia: aos cinco, sua irmã gêmea foi morta num ataque terrorista em Londres. De lá pra cá, sua mãe saiu de casa, seu pai bebe cada vez mais, sua irmã mais velha se transformou numa típica adolescente rebelde. Em meio ao luto e ao clima de ódio e ressentimento que Jamie sequer entende muito bem, ele encontra numa amiga de origem islâmica a companhia e o afeto de que precisa.

Desde que vi o título desse livro sabia que seria um daqueles raros livros que te faz sorrir e chorar ao mesmo tempo. Essa é uma das características que mais marca a história apresenta pela autora britânica Annabel Pitcher em seu romance de estreia. Uma história de ficção, mas que retrata com sensibilidade a confusão de um garoto de dez anos diante do luto, do preconceito e família despedaçada diante de um ataque terrorista.

Jamie Matthews, um garoto de dez anos, fã do Homem-Aranha que acaba de se mudar. A mudança para o interior segundo seu pai era a única forma de seguir em frente sem ter que encontrar com os "malditos" muçulmanos. Mas Jamie sabe que não existe chance de o pai largar a bebida. Desde que sua irmã Rose morreu em um ataque terrorista cinco anos atrás que o pai bebe sem parar. Tudo o que lembra é de ver a mãe e o pai brigando, se culpando e do clima pesado até a mãe sair de casa com um homem que conheceu no grupo de apoio largando Jamie e Jas, a irmã gêmea de Rose para trás. Jamie mal se lembra de Rose e morre de raiva das atitudes do pai. Se come primeiro o pai esbraveja porque Rose tem que ser servida antes. Ele não entende o que vai adiantar por um pedaço de bolo ao lado da urna de Rose. E fica revoltado porque sabe que Jas sofre, mas ninguém parece notar, para o pai tudo que existe é a santa Rose, passa o dia bebendo no sofá e xingando os muçulmanos. É como ser invisível. Muitas vezes Jamie se pergunta o que aconteceria se não voltasse para casa. Afinal para o pai tudo o que existe é a urna dourada de Rose. Quando no primeiro dia de aula Jamie conhece Sunya, uma garota muçulmana, que é a única disposta a ser sua amiga, ele não para de ouvir as frases odiosas do pai na cabeça. Quanto mais conhece Sunya, mais raiva tem do pai e de tudo o que aconteceu. Quando os dois mundos se colidem Jamie sabe que precisa fazer algo do contrário viverá para sempre sob essa sombra de bebida e Rose.

Essa é a premissa da história de Jamie e de como é viver à sombra de uma irmã que já morreu. A narrativa em primeira pessoa confere um tom único a história criada por Annabel Pitcher. Com um ritmo cadenciado pouco a pouco mergulhamos no cotidiano de Jamie. Mais do que a rotina entre casa e a escola acompanhamos a raiva silenciosa e crescente que Jamie sente do pai e da forma injusta com que ele e a irmã Jas vivem. Condenados a lidar com a bebedeira do pai e tudo o mais sem poder falar nada, presos a um passado pelo egoísmo de um homem incapaz de enxergar que seus filhos vivos precisam mais dele do que Rose.

Adorei a forma como a autora desenvolve a personalidade de Jamie e principalmente a construção da amizade entre ele e Sunya, gradativa e cheia de receios por parte de Jamie, que teme decepcionar o pai além de ter que enfrentar a raiva preconceituosa do pai. Jas a irmã gêmea que sobreviveu é outro ponto de destaque no livro e é comovente a forma de Jamie fala da irmã e os medos que ele tem. De ver Jas partir do mesmo jeito que a mãe partiu. Medo do egoísmo do pai afastar mais uma pessoa que ele ama, dor por ver que a irmã sofre sem poder fazer nada. A impressão que a autora passa é que o mundo de Jamie é sob uma corda bamba, por causa das incapacidades do pai. Um garoto que desde os 5 anos não sabe o que é ter pai e nem mãe por causa de uma fatalidade e guarda todas as mágoas, todos os sentimentos para si com medo do que pode acontecer se ousar falar algo para o pai.

Leitura rápida, extremamente cativante, com belas descrições em uma narrativa fluida que envolve o leitor desde o começo e marca pela sensibilidade ao retratar na voz sentida de um garoto de dez anos tantas dores e tristezas. Annabel Pitcher possui uma escrita marcante que deu uma voz crível a história. A edição da Rocco está ótima, fonte boa, marcação entre capítulos bonita e agora tendo lido a história acho a escolha da capa perfeita. Melhor do que a outra opção que a editora tinha. A história ficaria sem dúvida belíssima no cinema. Recomendado a todos que procuram algo diferente. Triste e comovente. Um conto moderno sobre família, amizade e superação. Leiam! Até mais!

15 comentários:

  1. Sabe que ao ler a resenha eu senti uma pontada aqui dentro,não sei,mas me comovi com o livro..acho que seria perfeito para mim ler,claro que eu acabaria chorando,sou chorona mesmo. Triste e lindo ao mesmo tempo,senti um desejo enorme de lê-lo.

    http://dienyladyy.blogspot.com.br/

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  2. Parece bom mesmo. O título e a premissa são curiosíssimos e pela sua resenha podemos perceber uma história emocionante.

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  3. Só de ler a resenha já tive aquele pressentimento que o livro é tipo O Menino do Pijama Listrado, não no tema, mas que faz a gente se revoltar, chorar e querer bater nos personagens em torno do protagonista. Já me apaixonei por Jamie só pelo que falou na resenha e pela sinopse. Amei a resenha, me deixou muito curiosa. Adoro livros desse tipo. Beijos!

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  4. Yasmin, fiquei muito tentada a comprar esse livro. A história deve ser linda mesmo, de superação e etc. Estou curiosa para saber se o pai vai mudar de atitude e cair na real!

    Beijos,
    Caroline.
    http://criticandoporai.blogspot.com

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  5. Nossa, adorei. A capa desse livro é linda demais. Resenha super bem escrita, viu? Despertou minha curiosidade.

    Abraços,
    Igor Gouveia
    http://www.diariodebordodeumleitor.com/
    (Espero seu comentário lá)

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  6. Nem sabia que esse livro era assim, vi só a sinopse mais ou menos, não me interessei muito. Mas pelo jeito a coisa é boa, tem uma trama bem legal. É interessante ver como é além da sinopse, assim dá vontade de conferir.

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  7. Que livro fofo. Deve ser tão triste e ao mesmo tempo tão bonito. Espero ter a oportunidade de ler.

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  8. Esse livro parece ser um prato cheio para psicólogas =D E eu sendo uma tô bem afim de ver como o trauma do menino diante de tantas adversidades se estrutura. Pois é, as pessoas gostam de olhar olhos, e nos psicos as remelas rs.

    Boa Resenha!
    Miquilis: Bruna Costenaro

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  9. Adoro livros com essa temática, acho bem interessantes de acompanhar porque são livros que ficam na memória, sempre num lugar especial. Livros com crianças assim sempre surpreendem. Adorei a resenha e fiquei com vontade de ler logo. Bjo! *-*

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  10. Já vi que esse é daqueles que emocion até aquela pessoa mais fria. Quando vi a capa, não gostei muito, mas como você disse que depois de ler o livro, viu que a capa faz té sentido, então dá pra aceitar, até porque as outras cpas que eu vi do livro, não são tão bonitas também

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  11. Gostei muito da resenha e o tema do livro é ótimo, sua resenha me deixou com vontade de ler, é curto e com um bom personagem então deve ser mesmo ótima a história. Falou muito bem do livro. Abraços!

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  12. Que história linda e triste! Nem imagino como deve ser perder uma irmã num ataque desses e vê a família partir isso só com 5, 10 anos. Deve ser uma história muito linda, mas triste, adorei tudo o que disse na resenha. Concordo que um filme seria ótimo. Ótima resenha. Bjo!

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  13. Realmente, a capa é linda. E essa resenha, de uma vontade de ler agora mesmo. Já adicionei pra lista de desejados.

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  14. Livros que se baseiam em fatos que acontecem sempre, não querendo dizer que a história seja real, mas que provocam destruição em familia, nos sentimentos e nas crenças, sempre são muito bons de ler. O título leva a gente a pensar na inocência da criança que não entende direito o que está acontecendo. Gostei demais da resenha e vou procurar na livraria para ler.

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  15. Interessante. Nem eu sei direito o que pensaria ao encontrar uma muçulmana: pena? Raiva? Mesmo não sendo culpa de uma pessoa o que todo o seu povo faz, é difícil não generalizar. Gostaria de ler tanto esse livro quanto Uma Garrafa no Mar de Gaza, ambos confrontam duas realidades diferentes.

    Clara
    @mmundodetinta
    maravilhosomundodetinta.blogspot.com.br

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