03/05/2013

Resenha - O Menino Que Via Demônios


Nome: O Menino Que Via Demônios
No Original: The Boy Who Could See Demons
Autor (a): Carolyn Jess-Cooke
Tradutor (a): Geni Hirata
Páginas: 384
Editora: Rocco
Comprar: Submarino - Siciliano - Saraiva - Cultura
Sinopse: A história de Alex, um garoto de 10 anos que, desde a morte do pai, tem como melhor amigo um demônio de nove mil anos. Após a tentativa de suicídio da mãe, Alex conhece Anya, uma psiquiatra infantil que sofre com a esquizofrenia da própria filha. Ao longo do tratamento de Alex, porém, Anya passa a questionar suas próprias certezas: seria ele esquizofrênico ou o garoto realmente é capaz de ver demônios?
Não esperava receber esse livro como o título de março da editora Rocco. Foi uma completa surpresa porque a editora que escolheu os livros daquele mês e estava bastante reticente sobre a história. O título por si já impressiona o leitor desavisado que parte para suposições. Carolyn Jess-Cooke surpreende a todos com um cenário incomum e uma narrativa subjetiva que entremeia a triste realidade de crianças com famílias despedaçadas, e doenças mentais infantis, como a esquizofrenia.

Alex é um garoto de dez anos muito diferente dos outros. Ele é solitário e vive com a mãe em uma casa caindo aos pedaços do subúrbio de Belfast. A mãe não é mais a mesma desde que o pai de Alex morreu. O garoto não lembra quase nada do pai e a mãe não contou para ninguém quem ele era. A mãe o proibiu de tocar no assunto. Alex é independente para sua idade. Ele mesmo se vira na cozinha preparando cebola com pão. Já que se pode comprar muita cebola com pouco dinheiro. Já faz um tempo que Alex enxerga demônios. Seu melhor amigo é Ruen, um demônio que aparece para ele em quatro figuras. Quando Alex presencia a quarta tentativa de suicídio de sua mãe a situação muda. Com a mãe no hospital e casa no estado em que estava Alex é encaminhado para a doutora Anya, médica e psicóloga especializada em doenças psiquiátricas infantis. O assistente social que já acompanhava Alex não quer que o garoto seja internado, mas a vivacidade das descrições de Ruen, das conversas entre eles e dos outros demônios impressiona Anya. Para ela a postura de Alex e esse amigo indicam o começo de esquizofrenia e Anya não vai descansar enquanto não descobrir a história e a verdade sobre Alex. Anya perdeu sua filha de doze anos para o suicídio por não enxergar o quão grave era o caso e não quer cometer o mesmo erro com Alex. Mas tem outra coisa preocupando Anya, como Alex poderia saber tanta coisa sobre ela? Seria apenas a percepção infantil exacerbada que se mostra em casos de doenças psiquiátricas na infância ou algo mais? Estaria Anya, uma médica conceituada considerando a possibilidade de Alex realmente ver demônios?

A premissa básica é essa, e é mergulhando no cenário melancólico da Belfast uma geração após os conflitos sangrentos que marcaram a capital da Irlanda do Norte que a autora desenvolve engenhosamente a história de Alex. A primeira vista o título pode enganar sugerindo algo sobrenatural, mas os meandros da história criada por Carolyn Jess-Cooke são muito mais profundos e complexos. A autora executa seu enredo com maestria, uma dança habilidosa onde desenvolve o tema saúde mental, as ramificações e os impactos na vida de todos que cercam Alex assim como Anya. A autora usa a sugestão como ferramenta e joga ao não confirmar nada mostrando nas entrelinhas a complexidade e os efeitos devastadores da doença.

Apesar da natureza pesada e triste do tema a história soa de forma esperançosa através do olhar inocente de Alex. O ritmo é acertado, num tempo perfeito e a autora delicadamente revela partes do passado de Alex construindo uma trama simples, mas surpreendente e perspicaz. Alex é inteligente e perceptivo para a idade dele, que absorveu a dura realidade em que vive como uma esponja. E se a dureza da realidade pode destruir uma pessoa, imagina o peso para uma criança. Sem pirraças e choros, sem uma forma de pôr as emoções para fora Alex é um retrato injusto de mini adulto. Em seus dez anos já presenciou mais violência do poderia se supor e escondido na infinidade da mente isso se transformou. Custando a Alex um preço alto, que reflete em tudo na sua vida. A autora merece todo mérito por trazer de forma tão delicada a doença mental infantil à baila. E ao final o que fica é a sentença máxima que todos nós temos nossos próprios demônios.

Leitura que absorve o leitor, que concentra nossas energias e que vai te atingir de maneiras diferentes e únicas. Seja pelo seu lado peculiar ou por seu protagonista que desperta tantos sentimentos no leitor. A ambientação é outro ponto alto do livro. Carolyn Jess-Cooke me surpreendeu e me cativou com sua história. A edição da Rocco está ótima, fonte agradável, e tradução marcante. A história ficaria perfeito para o cinema, o clima e o enredo já lembra grandes filmes não é à toa. Recomendado a todos que procuram algo diferente. Um romance com um suspense diferente, complexo, vivo, pesado e psicológico, mas inocente. Emocionante, cativante e revelador. Leiam e se surpreendam! Até mais!

15 comentários:

  1. Oi Yasmin :)

    Eu preciso ler esse livro o mais rápido possível, desde que bati o olho na capa dele me apaixonei, o título é mesmo impressionante assim como a sinopse e sua resenha :D beijos !!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/ ( comenta lá :D )

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  2. Nossa, adorei sua resenha!
    Eu realmente não imaginava que o livro tratasse desse assunto, o título engana mesmo. Nunca li nada assim, e acho que adoraria esse clima triste e envolvente.

    Beijos!

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  3. Nossa, adorei sua resenha!
    Eu realmente não imaginava que o livro tratasse desse assunto, o título engana mesmo. Nunca li nada assim, e acho que adoraria esse clima triste e envolvente.

    Beijos!

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  4. Eu teria sido enganada.
    Huahuahuahu
    Esperava realmente algo meio fantástico.
    Não que ficaria decepcionada pois a história parece ser muito rica e emocionante.
    Detalhe para a capa que contém o desenho da cebola na panela.
    Adorei esse elemento alí.

    Bjus!

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  5. Não ia ler também não, mas desde que vi seu comentário no twitter fiquei curiosa e agora com sua resenha, uau, fiquei muito interessada. Livros com essa impressão sua ai sempre me deixam curiosas. Tema forte, mas desenvolvido de forma bela e sensível? Adorei, preciso conferir! É difícil achar livros com esse tom por aqui. Ótima resenha, parabéns! Beijos!

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  6. Começando a pensar em ler, esse é bem estranho e diferente...e bom! Vi pouca coisa dele, mas deu aquela ideia boa de como é. Bem interessante, gostaria de conferir.

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  7. Tenho muita vontade de ler esse livro, pelo título não pensei em nada sobrenatural e sim no que realmente é a história. Espero ler logo, estou num momento de ler livros assim, que me toquem de um jeito só meu :)
    Ótima resenha!

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  8. Olá, gostei da resenha. Pareceu uma boa dica de leitura, e esse personagem (o garoto) parece bem interessante, com relação à sua personalidade. E eu adorei o título rs...

    abraços,
    Luciana

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  9. Realmente, quando se vê a capa e o título, imaginamos que se trata de algo sobrenatural, e confesso que fiquei até surpreso ao saber que não é. Pensei que esse garotinho tocava o terror por aí, mas que bom que isso não acontece. Gostaria de ter a oportunidade de ler, pois a história me parece ser bem densa.

    @_Dom_Dom

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  10. Estava curiosa para ler essa resenha, desde que vi o livro não me interessei justamente pelo título, mas parece que estava enganada e não tem nada de sobrenatural na história. Adoro histórias comoventes e já adicionei a lista de leitura. Deve ser ótimo. Ótima resenha, beijos!

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  11. Eu já havia lido em outros blogs sobre esse livro.
    A história parece ser mesmo interessante, ótima resenha.

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  12. Também imaginei que fosse Fantasia. Confesso que fiquei mais interessada agora! Já li alguns livros que abordam doenças mentais e estou gostando bastante do gênero, sua complexidade... e uma outra forma de ver as coisas. Acho que é um tema que está em alta, em sick-lits, mas vejo que aparecem também em policial/suspense.

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  13. Gosto muito de livros que abordam temáticas psiquiátricas e isso fez com que eu ficasse curiosa com esse. Pode ser impressão, mas pelo que tu falou, lembrei de Extremamente Alto & Incrivelmente Perto. Talvez seja pelo fato dos dois livros terem protagosnistas peculiares: crianças "diferentes".

    Tenho que ler. :)

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  14. Livros mais psicológicos não são muito o meu forte por agora não. É tanto estresse no estudo que procuro coisas leves, mas vez ou outra é maravilhoso achar livros com temas assim e ainda por cima belos. Falou bem sobre o livro e me deixou curiosa. *=*

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  15. O título chama a atenção e parece-nos uma história bem pesada mas ao ler sua resenha (ótima por sinal), vi que não é nada disso. a história e bem legal e eu quero ler o livro.

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